I ...ad astra per aspera .1







leszek sokol







I ... ad astra per aspera





I

no a-deus à nudez do entendimento
apago a luz e
des.ligo os ventrículos cerebrais …




... assim inicio um percurso em que as palavras ,às vezes caprichosas ,às vezes teimosas ,outras amigas e afáveis percorrem as folhas destes cadernos ( écrans ) ,deixando marcas de uns tempos .foram felizes ( bastante ) .foram amargos ( alguns ) .deixaram mágoas ( muitos ) 
as palavras ,dizia ,foram marcas ousadas como chilreios
cercadas de livros ,de fantasmas e confusões de sentires 
o rumo foi uno .apertar o colarinho sobre os nervos e deixar sinais que o tempo apagou ou acendeu sobre a geometria absurda dos Amigos ,quisera a vontade ser sinónimo de liberdade 
mas foi preciso começar de novo ... vezes sem conta ... cansado o esforço
folheei anos ,com o coração à bolina .fui mareante ,liberta de todos os nós ,mesmo os cegos 
despojei a escrita de sonambolismos e
quando me achei nua entre os escolhos e algumas cascas de laranja

desdobrei-me em colecções de atritos semeadas por livros e blogues ( cadernos de apontamentos ) ,e ,como arquitecto de um Eu que ,na altura ,não dominei ,fui aparando-as corpo a corpo .ei-los sequenciais

agora ,de novo ,tenho de ir embora .deixar o falso a-braço no telhado do vizinho ,o velho verbo sobre a mesa e as palavras surradas entregues a si mesmas ,para que Tu ,leitor ,varrida a poeira indesejável me reencontres no aparo de uma nova verve 

e para que Eu

divorciado do ronco das carroças ,possa deitar fora todo o desperdício





no discreto a-deus aos símbolos .1







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no discreto a-deus aos símbolos







assim quedada de um álgido sufragar a escrita retomo o silêncio discreto de um a-deus aos signos .dispo o texto e faço-me regressar ao ergástulo de um outro tempo onde resguardar-me-ei do fogo e escavarei a lama apenas com um lápis .um traço .um pascigo vadio
para que os meus olhos presos às ravinas ousem frechadas tão ou mais folgãs






a nudez dos socalcos .1







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a nudez dos socalcos







de pórtico em pórtico .de vertente em vertente .de metáforas e metonímias bordam os olhos a nudez dos socalcos .aprontam-se em sufragâneo desconchavo as litanias malsãs e a espada de Dâmocles oscila entre a agilidade da fuga e o lerdo movimento da espera .fecha-se o a-braço de Leviatã tão certo quanto

errare humanum est
preservare diabolicum

no tríptico aferrolhar das portas sagradas






à sombra dos rododendros .1







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à sombra dos rododendros







nada mais viciante que o arrocho de uma metáfora no corpo de um corpófrago esculpido pelo cinzel de Monostato .um breve brevíssimo legato sostenuto acompanha a função fálica do acasalamento ao livre alvedrio do libreto que alguém esqueceu num oceano de malvadezes .abrem-se erráticos os pórticos de um pranto aprendiz onde a falência do risco serve
de cama à sombra fantasiosa dos rododendros






num desvão de Ser-em .1







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num desvão de Ser-em







nos recessos mais profundos do seu corpo o agoureiro toma consciência de si como um forjado constructo de cérebro .manipula litanias e face ao impérvio que o devir medra desculpa-se no desvão do Ser onde ferino golpeia aleurismas e litanias
que o desmedro ao engrampar requebros de tão fero cinzela






aprontada a in.certeza do futuro .1







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aprontada a in.certeza do futuro







entre a voz estentórea de Marte e o voto de Minerva arrezina a estultícia humana num misto de pessoas e ofélias gerados entre a cegueira e a fantasia .crucificam-se in.certezas e sustentam-se afectos num integérrimo navegar à vista quais aprendizes do risco e do medo num amanhã mais-do-que-incerto sustentado por

homo proponit sed deus disponit*



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*o homem propõe mas deus dispõe






medram subornos .1







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medram subornos







vagueiam entre marés de suborno apostilhas navegantes e disruptivo o ar mal-avindo almeja ferinos desconchavos .escravo de um tagarelar rumorejante o vento açoita o lombo dramático da donzelia num relapso in.disciplinado que o fauno aquece .escavam-se riscos e arrezinam-se vagares .mais afoitos .mais raros .num desvão omisso
onde emarouvadas medram as choldras






vestem-se de branco as lonjuras .1







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vestem-se de branco as lonjuras







contra vim mortis non est medicamen in hortis * induz o mestre que entre vagamundos e bargantes resiste à sedução de mergulhar numa escrita mais erudita .veste de branco a estrutura que lhe aveluda a memória e adentra-se num mar de compulsões fluindo lonjuras que lhe despem a fala .pára .resiste e no vadear crucificante de um errático devir empurra para dentro de cartas timbradas os sentimentos mais íntimos a fim de engrampar a tarefa de
mapear o inverso nas cinzas que sobram



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*
contra a morte não há medicamento na horta






inquietações de-mais ou de-menos .1








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inquietações de-mais ou de-menos







às vezes consinto que os apóstatas me mordam a língua se néscia vagueio pela pestilagem de um cismar misógino e agoureira tal-qualmente uma boca amordaçada perfilo-me entre entropias e ergástulos .os dedos contra-feitos engrossam inquietações a que o silêncio desbrava solidões custeadas a ferro e fogo .e é no aforismo de um agora
que o mênstruo serve de pascigo ao risco






o mortório das virgens .1







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o mortório das virgens







no desbravamento herético dos mal-avindos reptilianos dealbam lafraus prontos a desflorar a coincidência como se de donzelia se tratasse .a-fora o augúrio triste da tarde avelhentam-se sinapses em relapsos de revolta enquanto as pucelas se arrezinam numa contumácia disruptiva à semelhança da alma mater que medra desconchavos como anamnese
de um leviatão futurista






evasões e rupturas sub-nupciais .1







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evasões e rupturas sub-nupciais







quem no desgaste da queda solta o baldaquino ou sob o mesmo menstrua do mulherio a casta virtude?
in mementum mori* a entropia favorece a des.memória e o animal agonizante vocifera aforismos e lembradoras ambulantes onde nasce o adrede e o aresto em mistifórios autos-de-fé .cismam os velhos em cada despedida como
farroupilhas violados em ígneas desavenças



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*na lembrança da morte






a soberbia dos bem aventurados .1







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a soberbia dos bem aventurados







adensam-se as amálgamas não como símbolos alquímicos mas como derrames de manchas que im.perceptíveis vagueiam de mortalha em mortalha .rasuras de misógenes anseios ou destrezas de vogar em águas impressas sob a derme do destino .no hábil  des.acerto da superbia precidit falum* os apóstatas re.colhem da matéria uns restos de deslustre a fim de con.fundirem o absoluto como seu



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*o orgulho antecede a queda






na despedida dos monólogos .1







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na despedida dos monólogos







de zamborrada em zamborrada cismam as ucharias engrampadas nas mãos que com elas coabitam num dealbar de aforismos .admenos os menesterosos entumecem em rupturas e enganos o que o mistifório assumiu mortis en solatium* .vacante o rio re.desenha a margem em adregas e gritos como destreza maior de folgar a entropia
no tropel dos sufragâneos alardeiam-se os corifeus



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*a morte como consolação






soltos os ventos à revelia de Éolo .1







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soltos os ventos à revelia de Éolo







agoureiro o  encontro ficcionou a ambivalência e Lázaro aposto o sudário guarnece ao longo do corpo uma paisagem de outros entendimentos .falece o ardil à sombra da revelia tal-qualmente o banzeiro que sangrante se evade na barca de Hades .há um dulcíssimo legato sob a capa de Schubert enquanto descrentes os hereges pigmentam a bafagem .é deles a evasão e o luto
como aresto de um verso misógeno






a caixa de Pandora .1







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a caixa de Pandora







valetudinário o deslustre agoira desconchavos e se debaixo  da imagem dos direitos e dos avessos houver uma forma primeva de guarnecer as arengas alguém pausará uma gramática de acenos no rosto de Hamlet enquanto de atalaia os hereges revoltar-se-ão contra as poternas violáveis .no poscénio um augúrio triste sobrepõe-se à destreza das mãos que tanganho
à bocela se agastaram






entre preces e lausperenes .1







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entre preces e lausperenes







assim vacante entre merlões traveses e cortinas apoiadas em revelins o Verbo torna-se uma célula alardeada que no deslustre da bafagem deixa ab intestato um ventre como memória in.fecunda .néscio imerge entre madrigais mistificando num auto-de-fé a estultícia de preces lausperenes e um Te Deum despiciendo em voz estentória
a inversão de todos os sentidos






a re.edição do erro como desculpa .1







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a re.edição do erro como desculpa







no desconchavo dos acentos re.editam-se omissões a que o fisiocratismo tece registos e registos inusitados .de pé apenas a falácia de um argumento a que os dislates acusam de despautério .vadeável a hipótese do absurdo quanto as palavras cerceadas pela hipocrisia do agoureiro .abafas e tesuras mecanizadas implodem a explosão da escrita que degolada
adrega labéus entre Cilas e Caríbdis






des.teço o pensamento compactado .1







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des.teço o pensamento compactado







ácidos quanto o livre alvedrio os bargantes espalham-se através dos fragmentos compactados da verdade arengada em focinhos de cães .Perípato alterca com o axioma estruturado no reino das máscaras enquanto fóbica a farroupilha do ergástulo se distende a quem traz a ledice nos olhos .ousa-se temperar o omisso ou explicar o indício nos canteiros das peónias
como os alambicados pensamentos que se tecem em pastos in.explorados






a i.licitude da escrita sem limites 1







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a i.licitude da escrita sem limites







de mergulho em mergulho indicio o viável como larva na lucidez duma escrita a que o tempo faltou






na aridez dos caprichos .1







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na aridez dos caprichos







arrítmicas as pausas insuflam um modo outro de pisar o pó a fim de esquecer o mergulho dentro do tempo .das mensagens herméticas engalanadas em recessos conducentes a nenhures .das janelas fechadas pela nudez dos excessos enquanto o cheiro a mofo persegue o parágrafo consagrado à apoteose .este cifrado em axiomas des.conexos passa a des.conforto
num registo cujo libreto o mestre desossou .assim a aridez dos polos divergentes






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II - as últimas pausas ...
( ou o triunfo das anástrofes )










o sentido das coisas simples .1







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o sentido das coisas simples







paradigmático o regresso ao vazio .ao poço das frases aprendizes onde mergulhadas até ao limite despedem-se em métodos novos de embaciar o falível .cegantes os ensaios acoplam-nas e o símbolo da validez é explicável pela distância dos sentidos assegurados pelo entendimento perecível das memórias de.volvidas ao erro inicial
há quem procure suavizá-lo em páginas deglutíveis e ondulantes






estranha forma de invocar o silêncio .1







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estranha forma de invocar o silêncio







volátil quanto o coro das ligações rapsody in blue de Gershwin precede a síntese necessária à evocação do tempo .ensaiam-se em nome do devir dialécticas fora da estranheza dos sons que faltam à viuvez descrente dos acasos .incisiva a música aflora o silêncio dentro de mim como uma impressão digital outrora embotada em
ausências álgidas de engenhos in.confortados





tão falível quanto a distância .1







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tão falível quanto a distância







in.explicável o modo de omitir a velhez .tão subtil o avelhentar quanto des.dizer o vazio num labéu de alegorias embaciadas .o agoureiro do templo acede ao legato sostenuto enquanto Circe seduz
junto das fontes o domínio factível dum dueto com Ulisses






cárcere forçado pela razão .1







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cárcere forçado pela razão







quando os olhos bordam a nudez dos socalcos inscrevem divagações que se legitimam pela ausência .como um regresso às trevas ou um constructo forjado pelo cérebro onde se prenunciam os recessos mais profundos do corpo
ergástulo emprestado à ilusão do Ser-em






há quem pressagie a morte .1







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há quem pressagie a morte







no drama da morte ninguém é justificável consagrado ou não o triunfo das biografias remanescentes
.todo o fim se impõe como resposta aleatória






da resistência à presunção .1







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da resistência à presunção







no afear da dúvida que se reclama resistente caustico a presunção num ressuscitar partículas infinitesimais onde me vou coroando de inquietações
há quem ore
quem suplique .quem chore sobre o abandono e a dor numa escarninha liturgia

no Livro de Horas os minutos revertem-se numa ambição burlesca






clausura semiótica .1







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clausura semiótica







enquanto os animais e as plantas falam entre si numa linguagem que só a eles pertence a noite cai .lá fora onde a fascinação do dia de.cresce passeiam  as vozes e cá dentro nas estantes de uma biblioteca os livros adormecem os olhos no computador onde as palavras  se vinculam .é o triunfo do silêncio .a arte de consagrar a anástrofe como reflexo da única conjugação possível

.volto mais tarde para enclausurar os signos






advertências e comunhões .1







leszek sokol







advertências e comunhões







advirto-os
.de hoje em diante só escreverei sobre a in.continência
mal disfarçada dos alienígenas. de quando em vez as litanias visitar-me-ão

.não prometo dízimas a peditórios







em nome do inverosímil .1







leszek sokol







em nome do inverosímil







e agora pai
que dizer do triunfo de um olhar cáustico?
e agora pai
quem vinculará o combate que inventámos

em nome do futuro?






aponho o ponto final à vírgula .1







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aponho o ponto final à vírgula







não me venham com convenções inflamados em certezas
os resistentes eternizam-se na implantação das dúvidas 






expurgo a morte numa taça de vinho .1







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expurgo a morte numa taça de vinho







não sou flor que se cheire nem cão que se passe a mão pelo pêlo .sou cavalo sem albarda .metáfora não disponível .aragem a que o siso re.vestiu de in.sensatez e sirvo Vénus para seduzir Apolo .piso o vinho novo e faço de Asmodeu meu par .quando Azrael me bater à porta convido-o para entrar ou digo-lhe a-deus

como uma afasia volátil fora de qualquer prova






agendando o infinito .1







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agendando o infinito







detenho-me nesta placidez qual vagamunda em trânsito  .sei-me uma ida sem volta .um crepúsculo onde os sonhos não têm entrada e onde os lémures deixam no chão marcas de água como rememorações afagadas pela acidez mal capeada .disfarço-me de mentiras arvorada em mal menor e abandono as palavras difíceis ao cuidado dos predadores da Língua

que me têm por agenda






o resultado de um sonho acordado .1







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o resultado de um sonho acordado







acompanho-te na urdidura dos gestos quando os passos do futuro se perdem na fragmentação dos Seres menores e expurgo-te do esquecimento se metade sangue metade água te perderes em contemplação  .então quedar-me-ei contigo em êxtase como coágulo de um sentimento deixado à boca do  silêncio .mordazes desaguaremos num leito de  in.diferenças prontas a navegar

nos braços evanescentes de um afecto vagamundo





há muito que a irritação me arranha .1







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há muito que a irritação me arranha







agasta-se a gravidez no pseudonismo a que a cartola e os anos revertem em “magister”

.enjeita-se o prémio porque quarto
-que desrespeito e desfaçatez!

.embandeira-se porém em mastro de arraial o que se apressa a tornar público em éditos apesar das artrites reumatoides quando doctor honoris causa se perfila entre as anáteses e as epítases  (con)sagradas pelos memoráveis de uma Academia ir.refragável

abençoados os que bordam panegíricos menos finos







prefacio os textos sem a noção do todo .1







leszek sokol







prefacio os textos sem a noção do todo







dificil mente me preocuparei com a facilidade do discurso ou com a profundidade do verso que os mártires consumirão ou não .o declínio é um pre-texto para o narcisismo dos asnos esquecidos do fascínio da revisitação .a virgindade confunde-os e os melindres transformam-nos em cinzas aforradas às corporações ministradas pelos senhores do siso .aponho as minhas mãos em outras des.construções a que os ditames do depois perceberão o que sobra do abismo

afloro o gosto pela não ordem fascinada pelo in.justificável 






deambulo pelos limites a.morais .1







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deambulo pelos limites a.morais







misturo-me na confusão dos átomos sem destino e a argúcia metálica dos meus neurónios subscreve frases elípticas aconchegadas em folhas a que o sono simulará .desfaço o lugar do agora  numa espera arguida pela viuvez a que os dados não expurgam setas .aprontam-se os cheiros enquanto um olhar de fogo transfere para o outro lado do sono a inútil sensação de viajar pelo universo mítico .omito a invasão dos láparos e assumo

no des.conforto do Ser a aventura de um sorriso
inscrito no limite do in.visível






em re.começo canto o fim dos dias .1







leszek sokol







em re.começo canto o fim dos dias







olho as rugas que vou marcando ao canto dos olhos e em cada uma revejo um verso esquecido no meio dos nervos que me são anos de brincar-de-conta .é hora de esquecer a temporal.idade e inventar um modo outro de reverter o gosto .sintetizar a tinta que retenho nos lábios  .talvez assim afore fios alquímicos re.inventando modos novos de conceber o Caos que a-braço

e levantado o mastro em ruínas
arvore ciladas
ao rascunhar livros havidos como sínteses na antítese 






insinuações in.equívocas .1







leszek sokol







insinuações in.equívocas







morosamente
deixarei dedadas nas arcadas dos templos

de outro modo

serei breve
a escorregar na desfazia do tempo






pré-texto .um deslizar de ombros na rotina .1







leszek sokol







pré-texto .um encolher de ombros na rotina







ausentam-se os comensais

regresso amanhã esquecida dos livros e pousando nas estantes os restos da deglutição consumida no ano findo .os arcanos – absorvidos os fluídos – pousam os dedos sobre os olhos cavos

circunscrevem-se os comensais

ao repetir os gestos .na oratória e no arcaísmo palaciano  .quais pequenos bípedes bordam a nervura do luto e do falso quando a velhez os pinta de verde amarelo e vermelho
ou se aprontam em ruínas e socalcos onde os pássaros esculpem memórias em re.visitações permanentes

omitem-se os comensais

no levantar dos dias rasos de um eterno e ousado brincar-de-conta
ser diferente não é rasgar a dúvida
antes a afonia diurna de um álgido a conte’Ser








.2
























I - primórdios ...
( no derrubar dos arcanos )










.1









(…)
Os corações pulsam, no entanto não podemos falar?
Mas há um som dedilhado que a cada hora empresta as suas harmonias,
Que talvez agrade aos deuses que se aproximam.
Tudo isso prepara e desse modo quase dilui
O cuidado latente no contentamento.
Cuidados como este é forçoso, quer queira ou não queira, um vate
trazê-los amiúde na alma, mas aos outros não.

Extracto de “Elegias”
_Friedrich Hölderlin
( Trad. de Maria Teresa Dias Furtado )

.

(…)
( vou morrer ,mãe? )

gritam
as viúvas
na roda de um tempo
de nervos e folhas
mortas

.das muralhas
outrora
marcos de civilizações

hoje
restam destroços
em obituários

irracionais

-vou morrer ,mãe?


extracto de II- em tempo de barbárie
in “ferinas são as cadeias do tempo”
_Gabriela Rocha Martins