I ... ad astra per aspera





I

no a-deus à nudez do entendimento
apago a luz e
des.ligo os ventrículos cerebrais …




... assim inicio um percurso em que as palavras ,às vezes caprichosas ,às vezes teimosas ,outras amigas e afáveis percorrem as folhas destes cadernos ( écrans ) ,deixando marcas de uns tempos .foram felizes ( bastante ) .foram amargos ( alguns ) .deixaram mágoas ( muitos ) 
as palavras ,dizia ,foram marcas ousadas como chilreios
cercadas de livros ,de fantasmas e confusões de sentires 
o rumo foi uno .apertar o colarinho sobre os nervos e deixar sinais que o tempo apagou ou acendeu sobre a geometria absurda dos Amigos ,quisera a vontade ser sinónimo de liberdade 
mas foi preciso começar de novo ... vezes sem conta ... cansado o esforço
folheei anos ,com o coração à bolina .fui mareante ,liberta de todos os nós ,mesmo os cegos 
despojei a escrita de sonambolismos e
quando me achei nua entre os escolhos e algumas cascas de laranja

desdobrei-me em colecções de atritos semeadas por livros e blogues ( cadernos de apontamentos ) ,e ,como arquitecto de um Eu que ,na altura ,não dominei ,fui aparando-as corpo a corpo .ei-los sequenciais

agora ,de novo ,tenho de ir embora .deixar o falso a-braço no telhado do vizinho ,o velho verbo sobre a mesa e as palavras surradas entregues a si mesmas ,para que Tu ,leitor ,varrida a poeira indesejável me reencontres no aparo de uma nova verve 

e para que Eu

divorciado do ronco das carroças ,possa deitar fora todo o desperdício