.
disse que partia
e parto
sem arvorar
bandeiras
.levo
comigo
o sorriso de
uma gerbera
e uma pétala
.uma só
pétala
que
com a delicadeza
de um gesto
pousarei sobre um
mar de tréguas
afim de ser em
terra-nova
a alquimia do vento
.
não me regozijo com
a ferocidade da besta
que veste o gesto
com trapos
farrapos e perfídias
várias
.oblitera as tréguas
des.organiza o mar
e no mesmo abocanha
os filhos que em pátria
outra
pedem
uma mão amiga
uma manta de lã
uma malga de sopa
um a-braço
um espaço
um livro
uma vida
sem farpas ou
arame farpado
christian martin weiss
.
parto
com a urgência
na mão e
a memória como
mordaça
.serei breve
no meu caminhar
pedinte
porque no inverso
dos cantos
os monstros e os anjos
serpenteiam
quenturas e
acendem fogueiras
sobre as úlceras
des.simuladas
dos corpos de ninguém
vito campanella
.
se o tempo insistir
em descurar
res.guardo
respirarei
em falsas tréguas
o que os Homens
desenham
a sangue
.Valquíria
em tempos idos
regressarei
sob o manto
da vã glória
e ao arrepio
do transitório
esculpirei a fogo
e sangue
os sumos laudatórios
.serei breve
roberto ferri
.
não há pausas
para a morte
não há
.plácidos os
contrários
temem
a linguagem
que na cegueira
reclama
um outro
modo
de mitigar
a fome
.nas zonas J
Y e Z
os meninos
pedem
um naco de pão
e um sorriso
.migalhas
vito campanella
.
depois
chegaram os anjos
os arcanjos e
toda a corte celestial
.no chão
entre os cadáveres
apenas
a terra
as flores
e uma réstia
de sol
roberto ferri
.
nada consta dos
arquivos
devassados
em lugar dos mortos
.assim
o pesar
prego
assente
em partículas de nojo
christian martin weiss
.
de rastos
vou descendo
aos Infernos
dos afectos
sepultados
em vala comum
.pelo caminho
recolho
companheiros
espingardas
e obuses
sangue
muito sangue
para que Hades
amortalhe
a barca
que se arroga
em passagens
permanentes
.Dante
espera-me e
rasura
uma divina
comédia
onde as
alegorias
se resumem
a míseros
desafectos
vito campanella
.
nada mais posso
oferecer
que um cálice
de cicuta
amarga ou doce
.a morte
em tempo de
sujeição
circunscreve
a linguagem dos
deuses
roberto ferri
.
de Dédalo
recolho a persistência
.de Ícaro
a inconstância
dos estímulos
e teço
fios e labirintos
longos e atemporais
com Ariadne e
Teseu
em resguardo
falso de asfixia
se o luto
amantizar
a impunidade
divina
.
olho o sorriso
do velho
desdentado
olho as marcas
da mulher
violada
olho o desespero
do jovem
desempregado
olho o sorriso
da criança
esfomeada
.que dizer do aparato e
do beija-mão
duma visita real?
quiçá
desmedros de um
País que se tem
por tão igual?
vito campanella
.
entre a vida e
a morte
rasteja
a besta que
atrás de si
tudo
escora
.em resilência ou
des.amor
uma criança
desfralda-se
em praia-mar
roberto ferri
.
e de delírio
em delírio
maré alta
ou maré baixa
nasço
rio e
morro em mar
.e se
em safadeza
me tenho
vou de ensaio
em ensaio
nesta paixão
que me arrasta
que me desfaz
e contrai
em busca
de mim e
de ti
na excrescência e
no erro
christian martin weiss
.
é no chão
que as estrelas
se deitam
à espera
de um acordar
mais tardo
.assim
a avisança
se tem
por certa
no copular
dos astros
.
se depois dos dias
chegarem
as noites
carregadas
de desmedranças
será em beneditas
barcarolas
que os bem-aventurados
se apartam
militados
pelos malsins
dos templos
roberto ferri
.
agora é tempo de
re.pousar
os mortos
deixá-los em banho-
-maria
e ataviar-me em
desassossegos
vários
.a raiva silva mais
longe
enquanto
me apresto
à liberdade
envenenada
de um
ambíguo
até amanhã
.
cansada das palavras
mortas
re.visito as naus do
meu presente
e no menstruo
do passado que me resta
aquém
desobedeço ao golpe e
à mestria
no desafio
de um acordar
mais puro
.aquieta-se
o tempo do esperdício e
dos líquens
na arbitrariedade
da febre
delirante