o deus homem





-gergely komoz.




*
dizem-me que para lá do mundo
a palavra se remete Una
                                               -dizem
*
fico calada a desenhar
o paralelismo in.existente entre o
Universo e mim

*
dizem-me que nada existe     eu acredito

no homem
que se diz deus

                              ( chove dentro do poema
                               descrito em confissão
)

*
dizem-me que ele existe       não acredito

no deus
que se diz homem

renascido
*
selo a palavra suspensa

com deus fechado na minha mão



em época natalícia





-alexander jansson.




                                           *
                                           ao deus
                                           mortal vencedor da frigidez da carne


*
senhor 
a desafiar o
frio     
ou
o velho
inserido a vermelho e branco
na cama do tempo
*
ei-lo
aquém
do conhecimento
*
pai
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem
*
o menino projectado em redondo
pressagia
um olhar preso ao chão ou
à coroa de espinhos que
oscilará
sobre a sua cabeça
*
dentro dele a chuva ácida cede
lugar ao engodo e
a História insistirá
no vermelho e branco
dos encanecidos laudatórios

*
ei-lo
o homem novo
deus
mortal
vencedor da frigidez da carne
o actor nato
na ceva
     explorado
                                            

                                              *
                                             No natal
                                              *
                                              *
                                              *
                                              os meninos estropiados
                                              compram
                                              a fome



natal





-anna wypych.




*
inscreva-se nos anais anacrónicos - hoje não pecarei por palavras e actos
-  fá-lo-ei por omissão

(os castos babam-se para dentro dos salmos)



os meninos do presente





-daria andresen.




*
às vezes os meninos resguardam-se
na alpendrada da vida enquanto
os segundos passam por eles numa
brincadeira sem idade

*
os meninos do presente
despojados de futuro
*
enrolam-se nos
estendais
em volta de um punho
fechado
pelo causticar de uma
bala                                    
solta no areal do luto                                

*
os meninos do presente
despojados de futuro

detêm-se
um quase nada além

*
um quase nada aquém
                        dois esteios
          um searar de rostos
 descobertos pela míngua
                                 um presente gaseado
                                 um tempo novo

que não têm              Aqui

onde os cravos falecem
robustece o estrondo
                               bruto
*
a imundice 



estado de graça





-brooke shaden.




*
encontro uma árvore despida de folhas
e de ramos  
*
uma árvore
exangue de sussurros  
onde os poemas
se alapam 
 
lenta
mente
*
a árvore sabe-se o epicentro e
vende-se a soldo a Monostato
*
torna-se um útero mais a sul 

associa-se à precisão in.exacta
e em larva bruta
absorve a imortal.idade de um talento
depurado
em estado de des.graça