solto no verso a dúvida dos dias





-yefim shevchenko




*
sei um corpo que acorda

brado
*

vislumbre de um fazer de novo

onde ouso
o respirar a pele que soletra o verso



encontros e des.encontros





-jenny terasaki




*
deslize de um afago onde se esconde 
o enfado

tardam os ocasos
re.versos
onde os a.deuses se apagam

.pele contra pele .ou a música
in.serida no esquartejar o tempo

*
o corpo adormece e o andrógena
assume a partitura

calcinada pelo sentidos



nocturnos im.perfeitos





-alexander dolgikh




*
pauto com as minhas mãos
a  sinfonietta imperfeita de Janácek

*
desarrumo a excelência



na dormência da Primavera





-victor schrager




não sei porque me esquivo em lençóis de vento
se me sustento de Poesia e tanto



arrumo de palavras





-joanna chrobak




*
escusam-se as palavras

e o golpe de asa des.enrola a declinação
das vagas .a clivagem dos náufragos

a-fora o mote .demais a rima
complacente ao de.gelo dos sentidos

*
.memórias sufragadas na embriaguez das Musas
.corpos híbridos tecidos em trânsito
.vértices .epicentros de poetas ou

um outro tempo de salgar as lágrimas



habita-me o símbolo da lunagem





-igor kozlovsky and marina sharapova




*
da convenção sobressai a correcção .o círculo
resistente ao encontro .o lado minguante
da lua num arrepio deslizante

.a coluna vertebral

.irrepetível a contracção .o magnetismo
ou a acoplagem no ponto de inter.secção

dorsal

inscrito no corpo .no paradigma .no magma
.o lado in.consequente da volúpia assistido
por um andróide .a prova provada da
transgressão

assinalável

*
assiste-se .resiste-se .inventa-se

um sinal de comando .um acto de contrição
.o pecado elevado ao quadrante lunar



esculpindo a matéria bruta





-barré thierry




*
reverencio a Poesia
 - vaga-lume assolado .braseiro em
taça servida – subvertida em

subterfúgio quedado .esquema virgem
.terreno arável .murmúrio  
preso em cristais de quartzo

.riso
vergado na brisa .pensamento
recolhido no ventre
.símbolo fundido .duplo vibratto

*
.leite .pão .esgrima .sorvo .aragem .fermento

que o in.tento leveda e serve
ainda quente


saúda-se a preto a revolta dos castos





-anna wypych





*
reverências não mais 
.os troncos torcidos e os pés que se arrastam

.a pele fechada 
.o sangue recusa dos cabotinos a farsa


.o queixo
levanta-se num rasgo sem medo

.exige o compasso
um braço que se ergue .uma mão que se fecha

*
a paleta de cores saúda o escárnio



é tempo de acender as pedras





-jiri borski




*
a tarde adormece
no que todos dirão
o princípio da noite .o homem fenece
o Inverno no frio
as mãos gelam
e o rigor acontece

apenas um nome
a mais ou a menos

o mister caminha ao invés do engano
o medo aborrece .esbornia

*
.e o cediço
senhor absoluto
do esbirro e da compra
subverte melaços na boca dos vermes



restam dos ventos as calmarias





-joanna chrobak




*
um rasgo de verbo que se prolonga em mim
desmedança suada em vento
opiácio

no tempo das matinas

no lugar do erro

vergado e velhaco .o corte .o deslize
opinante sobre novos ocasos

*
nas mãos do diasco



o mistério habita dentro de nós





-alexander dolgikh




*
in.dizível o in.finito .escasso momento
em que tudo se cala
.do brado o rosto .o colapso .o indómito
a-braço

.cortam-se os mantos

.dos ventos a sul há restos e rostos
esculpidos em golpejos de sangue
num mar sedento que rejeita os laços

um pouco mais tarde

*
.no adeus das gentes há choros .prosas
aguadas nas mãos que se vendem .afogam-se
os cantos como estigmas de vida ou lampejos
de sorte

.ignotos acordes



em dia de São Martinho





-benoit paille.





*
madrugam quimeras em lugares de culto
sob o espanto do chiste que se abre ao largo
.rasgam-se demandos .tecem-se abrolhos .rescaldos

nas fagulhas brigãs

pregões na cadência do fogo

.abrem-se os frutos .fecham-se as bocas tarde
no dia .a chama veicula o gosto a maduro .recorte
de jornal ou o obituário .desgostos nas mãos

assoladas no frio

*
do silêncio o estigma .recados deixados de
ano para ano .a fome enganada no assobio do flato

.o acordeão de um velho aquecido na brasa



após a tempestade a bonança





-yefim shevchenko




*
acervo poema arrimo de barco
re.verso varina na boca do peixe

.apronta-se o leme

.nome de mulher inscrito na onda
o mar recua .um golpe danado .do
medo se cobre o luto e as vestes

assombro nos gestos .os barcos partidos
na praia chegados os gritos e os brados

mar-afora-ou-adentro .bravo e irado
nos rostos o pranto .nos olhos o canto
a revolta sofrida

*
submete-se o trilho dos homens que
voltam .dos gritos e ais há risos a-braços
beijos a mais

na fleuma que cala



escrevo com os olhos o mitema da catábase*





-jenny terasaki




*
esquálidas as formas esperam
o outro lado do mundo

.Estige e Aqueronte buscam
o dízimo assumido
.Hades

algema o fogo

em ritmo de espera .o irreverente
tornado reverência e

a barca de Caronte que aguarda
dos passantes a [re]volta

.o som o eco .o corpo o óbolo .dois
mundos onde o remar queda-se
aquém

*
além
Psiquê e Orfeu
nas sombras trovantes




_________________________________________

*ínfimo pormenor da mitologia



ressalvos de um bargante





-arnoldas svenčionis



*
a tolerância
não consente assuadas
.devora

aprontados os signos

.o requebro exige-se
e explode

.evade-se o coito
.o excerto

.o contágio
mercê do crescente
incomoda

*
piano .pianíssimo