alguns comentários chegados via emails






"o recorte dos teus poemas representa o que sinto quando leio a tua poesia. uma tela na qual se soltam corcéis ao encontro do devir" - Manuel Gouveia

"uma grande escolha do Manuel de um grande blogue" - Daniel Santos

"assim um verbo que se lega. um arado que se lavra" - maré

"uma nascente de verdade, porque aqui nasce uma poesia original, inovadora, águas primeiras a escoar poesia, a escoar beleza para nosso deleite. beijo grande" - Maria Manuel Rocha

"a Gabriela Martins sabe do que fala/escreve" - legível

"saibamos nós ler a sua poesia......." - manuel gouveia

"muito bom" - mdsol






federica erra





.... entre publicações ....







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um amigo é uma pessoa com a qual se pode pensar em voz alta


- Alexandre O'Neil - 
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ainda ... em destaque




.........cante.chão.


"há que inventar novas nascentes
pintar de verde as telas e
nelas soltar corcéis ao encontro do devir
"


Uma poesia que cresce em nós, numa escrita onde o ponto se libertou da sua condição final e se passeia pelas frases em busca de um ritmo próprio. Ao ler cante.chão sou como esse ponto inebriado acreditando que em cada verso nada é definitivo e abolidos são todos os finais.

Por manuel gouveia, às 08:30 in Em 2711


em jeito de ponto final





david weiss




*
a música do silêncio pranteia a elegância
instrumental

[ o piano .o violino .a harpa ]



na vertigem do lugar comum





josé rodrigues





*
decretado o luto
o sacro bezerro in.verteu
os símbolos da não capitulação

*
como sobrevivência
exige-se a explosão dos átomos



o significado das coisas paralelas





josé rodrigues





*
deslizam os dedos sobre a pele
dos predadores que
no engano assumem a vicissitude
*
o fauno resiste
 *
sacralizado no referente
copular das libelinhas

*
Dante é o senhor do rictus



não é tempo de consentir silêncios





josé rodrigues





*
em tempo de NÃO
suspendo os meneios consumidos à exaustão e

*
face à barbárie
des.consinto o grito aos suicidas do verbo



devaneio em baixo tom





josé rodrigues





*
se me fosse consentida a vontade de ser

Outro ter-me-ia inteira na pele de
um sorriso

cáustico

*

cortaria

em fatias a música que me envolve em
teclas acesas ao manuseio

*

outro rio outro mar outra maré
banhariam as minhas mãos

*

quais folhas caducas de uma árvore perene



um presente-futuro





josé rodrigues





*
semeadas a esmo as canículas
deixam restos
*
foi Agosto é Setembro
*
fogueiras iluminam as noites e as sílabas
outrora caladas alastram-se
pelas madrugadas dum tempo velho
*
foi Março é Abril que se adensa
no galope dos cavalos e

a pestilência
consente a permanência dos homens sem
esqueleto

*
num desistir que já foi quanto



jogo das palavras





josé rodrigues





*
amanhã regresso ao ruído das ondas
se me aprouver

*
e acresço o beijo quando o sentir for pouco



consagração da matéria





josé rodrigues





*
o verbo exímio de opacidades e
frases antagónicas rasga o útero

*
em escrevente delírio



no equívoco das ladaínhas-banais





josé rodrigues





*
no universo dos mortos
estranho a voz do carteiro que anuncia
o regresso dos in.válidos
*
asseguro-me da variação dos símbolos e
cego-me como se a cegueira ascendesse

à redenção dos espaços
*
antes prenuncio o nome
que me quer litígio
*
em absoluta negação
apresso-me na confidência
desdizendo murmúrios assumidos
*
subo ao mastro
das ligações im.ponderáveis e sei
*
os corpos são ilhas suspensas no abrigo que
os des.abriga
*
fracos sustentáculos
*
voláteis sínteses numa abordagem de cínicos

*
talvez cíclicos
talvez círios




uma escrita assumida como reduto natural





josé rodrigues





*
sei de mares e de marés
.não sei de mim pitonisa do tempo
*
in.exorável regresso em des.ordem natural
*
e deixo-me quedar  exangue

*
quando amanso



não me basto em respirações ofegantes






josé rodrigues





*
vagamunda de um rasgo de nevoeiro
envolvo-o em lençóis plúmbeos
*
deixo-os abrigar os corpos em doces
variações como memória do girassol
apertado ao pescoço da primeira víbora
*
asseguro o post scriptum
como um discurso amoroso antes de o
deitar na chávena
sem qualquer vestígio de tonteria
*
e sei de intimidades

*
e respirações ofegantes



absurdo-me com a in.certeza dos oráculos





josé rodrigues





*
in.evitável a leveza dos oráculos
*
janelas
abertas ao futuro tendo o passado-presente
como in.completo argumento
*
restam as máscaras que os protagonistas
despem
*
é assim que se
exige ao realizador-maestro
*
muitos silêncios
outros silêncios
*
Mozart espreita do outro lado e
na partitura Ofélia desossa-se no desassossego
da carta escrita
*
o esquecimento assume a ordem dos oráculos
falhados porque o tempo não é senão um
segundo-afora
*
um adeus-adentro
*
a ternura
do sim quando o não se assume como sujeito

e complemento


um pouco a mais de sapiência





josé rodrigues





*
decôro intimista o do velho que se

senta sobre a vertigem da idade

*

um par de asas abertas ao desalinho

ou o abismo (con)sentido

a esmo na angústia dos dias

*

perto da lucidez a loucura deixa

resquícios de humidade e do velho a
sapiência embrulha-se nos andrajos que
lhe servem de bengala
*
nada vende
nada pede
*
secam-se as lágrimas na aridez
vergado pelas feridas dos anos
*
um olhar vago
*
uma mão que se estende ao bom dia ou
a uma rabanada de vento
*
na saca um
pouco de futuro fruto invernoso do passado
e na boca o sorriso parado a
inventar in.tempéries

*
senta-se frente a
um monólogo sussurrado e descalça devagar
as sandálias cosidas com as cores do arco-íris


sirvo a memória no rascunho dos nomes





josé rodrigues





*
é de ti que trago o gosto a madrugada
a fantasia errante de um percurso
e a agilidade do gato que ronrona entre
a-braços
humedecidos pelo voo dos nomes

puros que dançam impelidos
pela melodia dos minutos consumidos à tua
porta
*
há uma vontade compulsiva de plantar
restos de inquietações como
cartas abertas à chuva
*
e uma voz varre o vazio
das paredes onde outrora proliferaram quadros

*
recados de um prematuro renascimento
onde me apressei a ser o rosto



a vulgaridade dos lugares comuns ( ou a maledicência crítica dos acríticos )





josé rodrigues





*
andam a monte as asas do tempo
enquanto no vale as hárpias deslizam
pelas mãos de um futuro agoirento
*
cheira a bafio este mapear de estrelas
consumidas pela ira dos deuses há muito
assassinados pelas Fúrias
*
respigam garças
*
e na agilidade dos frutos lançados em
in.certos impulsos repousa o sustento dos
(con)sentimentos
*
tudo se perde
tudo se ganha
*
tudo é a.verso ou in.verso
conforme o ranho
*
a beleza quer-se rebuscada

*
irónica e basta



no espelho das contradições





josé rodrigues





*
con.textualizo
*
textualizo
*
em
caudais erráticos restos de Invernos
rumorosos e graves

*
Bach devolve-me a
máscara na sinfonia que repousa
sobre a tecla da sedução e eu
movimento-me qual
cobra-de-água ao lado do futuro



parto trazendo um Outro em mim





josé rodrigues





*
desconforto-me no confronto de mim e
olho o Outro como minha projecção
*
não é
*
inaugural e fria
a geometria dos opostos aproxima-nos e
enquanto um devora chamas o outro
reserva-se na observação das dimensões
paralelas
*
coloquial.mente os espaços entram
em catadupa nos remansos
*
um parte
*
o outro fica como
cólera ou resistência
*
o primeiro ausenta-se em
lances ir.resignáveis tidos como matriz

*
o segundo rediz a mulher que à boca
do palco amarrota o efémero



texto escrito ao correr da página ( para exorcizar fantasmas )





josé rodrigues





*
renuncio à castidade qual enfermidade
desconcertante do meio
*
o absoluto
*
o irrisório a pairar sobre as coisas
*
o atropelo
*
o inventar modilhos
como se os mesmos fossem escamas com
que visto o corpo e a língua

bífida
*
solto os cães e
inclino-me mediante o assombro de
não ousar de.mais nem de.menos
*
não me calo
escrevo
*
não escrevo
calo-me
*
no sótão junto às estrelas
acendo-as

*
apago-as
só para não as magoar e
deito fora a bastardia pronta ao açoite das feras



recados de um Dezembro com cheiro a bafio





josé rodrigues





*
arrasto  as vozes que se querem parcas
no mezinhar e no mais das desoras
perto do nada
*
gasto o desagrado que galga
derrotas e sei o ritmo certo das falas que se curvam
perante o lixo que engole o vazio e o despeja logo
a seguir
*
resguardo-me perto do fogo corporea.mente
im.perfeita
*
sibilo descalça
*
dúctil
*
enganadora quanto-e-quando

*
limpa do frio-quente dum fala-barato



des.importo-me dos dúbios avessos





josé rodrigues





*
insisto em ser nevoeiro
*
um momento único
um nome passível de todas as
rasuras e morro fora de tempo fechando a
porta às vagas dissonantes
*
inscrevo o coração na pedra tumular

*
sou paciente na espera