de surpresa em surpresa


















quando nos sentimos mais susceptíveis e um pouco menos seguras ,sabe tão bem um afagar de EGO

....

foi assim ,ontem ,à noite 
.duma forma inesperada ,mas muito bonita ,o Paulo Afonso Ramos ,meu amigo e editor ,entregou-me o troféu com que o meu penúltimo livro ,"artroses nozes e vozes (con)sentidas" ,foi distinguido ,no dia 1 de Fevereiro de 2016 ,5º aniversário da Editora Lua de Marfim ,relativo ao ano de 2015 .foi duplamente gratificante .primeiro ,porque foi um gesto muito especial - ser distinguida ,precisamente ,no dia dos meus anos - 1 de Fevereiro ,se bem que só ontem entregue .segundo ,porque ,logo de seguida ,o meu amigo Paulo Moreira presenteou-me com o seu/nosso 5 Mãos .um livrinho escrito a cinco mãos ,como um contributo de cinco amigos para um amigo muito especial 

.são gestos maiores ,como estes ,que nos fazem sentir mais humanos .eu ,ontem ,senti-me mais EU
.obrigada ,meus queridos Amigos ,pela força que acrescem ao meu dia a dia literário ( e não só! )






primeira apresentação de "a crispação de um toque a-fora o Ser"







.1


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.5


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.16



16 registos fotográficos ,apenas 16 ,da apresentação de "a crispação de um toque a-fora o ser" ,ontem à noite ( 28 de Outubro ) ,no Velocity Caffé ,em Portimão .foram três horas que passaram a correr ,onde imperou a conversa vária ,a desmistificação de algumas ideias pré-concebidas ,a descontracção e ,sobretudo ,o informalismo .também houve alguma provocação .foram ,de facto ,momentos agradabilíssimos ,onde todos intervieram com o à vontade que os caracteriza .daí o meu agradecimento aos presentes ,mas ,particularmente ,aos queridos Amigos - Manuel ,responsável pelo Velocity ,pela maneira cordial com que nos recebeu .Paulo Afonso Ramos ,pela edição deste novo livro ,e ,ao Paulo Moreira ,pelas fotografias .... de Portimão ,"a crispação de um toque a-fora o ser" partirá ,em princípios de Janeiro de 2017 ,rumo a Lisboa ,para uma segunda apresentação .até lá!





XXXV






.
.
.


recados vagos
omissos

ondulam

no quebrar a vaga

.resíduos que o vento
abriga
e o mar recusa

sob a névoa

.somos nós

em representações
vaiadas

caímos e levantamo-nos
sem motivo

.alguém desmaia






jurgen heckel





XXXIV






.
.
.

que dizer deste atalho
deste poema

inacabado?

deste labirinto de versos
de asas

ao acaso?

que se suspende

em sobressalto?

.um rasgo de mulher
uma amêndoa

amarga

um acoitar o tempo
num sequestro

nada






mary antony





XXXIII






.
.
.

meus anseios de menina
em mulher cativa

meu pacto
des.dito

em rasgos poéticos
em requebros orgásticos

.no lugar de outrora
semeiam-se os sonhos

e no tudo ou no nada
a palavra se basta

casta

desnuda em a-braço
a paixão

devassa






michal karcz





XXXII






.
.
.

há uma palavra
doce
um rumor
felino
naquilo que tenho

em tudo o que sou

.varejo o tempo
em sequestro

intenso

e se a ternura me falha
aquém dos anos

visto-me de espanto
e detenho

num repente de asa

o redopio do vento
onde me quero

vária






santiago carbonell





XXXI






.
.
.

não me tenho canto
muito menos flor

bruxa não sei
se me quebro ou
esmago

nesta volúpia
de me ousar

amor

e que dizer do fogo
se a água subverte

na névoa a cor?






margarita georgiadis





XXX






.
.
.

sou para lá do vento
um arquejar

constante

um precipício
vago

uma vontade
louca


de me haver mais longe






leszek sokol





XXIX






.
.
.

se feiticeira me houvesse
em casto delírio
subvertia os cantos

des.lidos

em subtilezas várias

.mas se me ouso
várzea
onde a vertigem afunda

redopio
no enleio
ao me ter suspensa

e assim me quebro
e assim me afundo

mordaz

em sobreaviso






jurgen heckel





XXVIII






.
.
.

de nada me serve
este murmurar

suspenso

em casto enleio

.como o planar
da ave
cujas asas

quebradas

se têm além silêncio

em picado voo






santiago carbonell





XXVII






.
.
.

não há nada
que as palavras não assumam

nada

que não se abra ao contacto
In Certo e louco

de umas mãos de manso

.parideiras dos sonhos

somos as fêmeas
que desafiam o plectro e

de corpo inteiro
rasgam os silêncios

castos

do orgasmo poético





michal karcz





XXVI






.
.
.

tenho um encontro marcado
com o mar e
o poço que lhe serve de entrada

múltipla

a casa acena-me
como uma lança
ou um rasgo de luz

feminil

.sonho com as palavras
que à minha guarda

tecem outros pactos
com o demo

orgásticas

detêm-se à proa
ou velejam em demanda

se não me canso






michael triegel





XXV






.
.
.

não digo adeus
prenhe de-mais

tardo o regresso

e se inscrevo farpas
em folhas de Outono

tenho-me a-dentro
de um fogo

aberto ao espinho

.rasgo

caminhos
palavras
desordens

à proa de mim

e solto voragens
no volteio
dos brados

se o vento assobia






mary antony





XXIV






.
.
.

amanhã não venho
vou de manso ao mar

tatuar fragatas
no corpo amado e

se me aparto
deste meu recanto

desaceita-me o vento
a sereia e
o canto

.em demando
adeuso
das tardes a besta
.e sem pacto
assinto
ou acto
preclaro
insisto no enleio

.alteio a voz
e vergo o instinto

quando em terra
me tenho

.sou margem
não vaga
desacato

.consinto






jurgen heckel





XXIII






.
.
.

tardo

quando o mar enrola
olvidos vários e

a maré obriga
a derriços lentos
na mão do mestre

marinheiro

.alguém se olvida
do bravo mar e

em tempos tais
ou cava ferida

a mulher supera
no cais

suspensos os ais

a vida






margarita sikorskaia





XXII






.
.
.

senhora de meus feitos
mora

em casa alheia ou
acento linho

ser barca a-fora
intransponível afago

recato
pedra

anel
ou brinco

.depois dos autos
navalha à cinta

quando o recato
me tem consinto

acervo
ferida

tanto demais

a fera olvida






santiago carbonell





XXI






.
.
.

arremesso pedras

invento
estilhaços de bravura

teço fogos
acendo chamas

quero-me fúria e
sou braseiro

.lamento

a porta
fechou-se na avidez
dos embaraços

recuo
avanço

entrego-me

.assim em fero linho






peter gric





XX






.
.
.

quando estiver
deitada sobre a relva e
tiver comigo

a molinha do Verão

guardarei a ternura
num açafate de sentidos

serei breve e

em retomo faminto
ou ávida de deleite

pousarei a mão
desperta a lava

.no tempo das cerejas
consentirei
o beijo

de novo breve

.assim pro.fundo






svetlana melik nubarova





apresentação da Antologia "Sentidos"









sexto-sentido



acendo os sentidos para no declínio das noites decidir se hei-he restringir-me ao racional ou antes deixar que as emoções de.calquem incêndios no meu corpo .rendo-me ao in.verosímil e no retardo da intuição que atenho entre  um deus menos Eu e um Outro mais cavo dissuado a tenção no primado da razão .a-fora qualquer risco florescem intuitos na ternura e eu adormeço antes que a vertigem  me conduza a um lugar de nenhures .o original do sonho passa-me ao largo .há um sexto-sentido que me des.inquieta .vago .como a mundícia que intui o a-braço do futuro
rendo-me ao des.lacrar da vigia









porque insisto no sexto-sentido?



desabrigada passo à homologação do esmo na as.simetria dos passos .detenho-me híbrida entre o irradiante e o mortífero antes de me devolver à condição de profeta dos sentidos .veneno de águia ou sopro de falcão busco nas cinzas um sentido para as coisas visíveis .assim o reino das emoções não acesas .um canteiro de horas mortas acessa-me a porta aos sentidos mais apagados e tudo se des.faz no minuto seguinte .curvam-se os anseios porque é chegada a hora dos lobos .o tempo pára .da porta do Inferno Lucifer des.engana qualquer mortal como se a intuição de mal-querer lhe lapidasse a voz .submeto-me à visita e espero .feroz .in.visível no espelho do espanto
há um sexto sentido que me en.cobre


Gabriela Rocha Martins,
Maio de 2016





XIX






.
.
.

quero ser do fogo
a extensão maior

o desatino

a febre o desejo
a paixão o selo

quero o corpo
na avidez
do golpe e

se me tenho
lava
ou fogo
ardente

quero o abismo
onde pressinto e
sinto

o resfôlego do vulcão

.assim decanto






lovec snov





XVIII






.
.
.

que seja o verde
a cor da água

exposta por demais

em ti memória

como o desabrigo
da escarpa
onde me tenho solta

se de ti me aparto
em fio de seda

a ti regresso
voraz loucura

.enfim ternura






david gray





XVII






.
.
.

quando me tiver
chegada ao vento
e me tingir

de todas as cores

farei das madressilvas
uma nova infância
para florir

o corpo que canto

à parte o que sinto
minto e

não consinto






margarita georgiadis





XVI






.
.
.

não me contenho
neste arpoar imagens

sibilas outras

em mitos tantos

.são gostos
bárbaros

que o vento norte

doa em voragem

.e os olhos cegos
deste degelo

dissipam vagas

.suposto a-braço






jurgen heckel





XV






.
.
.

e logo me tardo
deposta a causa

em brando leito

neste surgir
em corpo inteiro

levado o brado

.se o mar
me cansa em ti respiro

refeito

o lance

quando de manso
desfaço o laço






margarita georgiadis





XIV






.
.
.

também vos lego
companheiros

estes esquissos

na claridade
mansa

vento à proa

.que no barco
em que me aquieto

guardo a coragem

que o deslasso enjeita

.corpo ferino






santiago carbonell





XIII




.
.
.

são feitiços
são desmaios
os rasgos
tristes

avisos

que o mar
consigo traz

.e se em feiticeira
me torno

sacro asas
e consinto

a beleza

descortês
de um não


.exíguo nada






jurgen heckel





XII






.
.
.

e que dizer do volteio
das ondas do mar

quebradas

ritmos e quedas
enleios
em que a maré se
desfaz

num avir

sem sobreaviso

.quase em tombo
me quedo

das marés nuas

desejo

.partida em vez
de chegada






margarita sikorskaia





XI






.
.
.

encosto-me à perfídia
e sou relâmpago

talvez trovão

esmera ausência
de quem breve
na tempestade

se quer além

.de um outro laivo
a herança

a ousadia do repto
enquanto lastro

da barca

aquém terra
por mar a-dentro


.e se for sal?






leszek sokol