Oscar e Gandhi aos sete meses





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cá estamos nós com mais um mês .sete já cá cantam .continuamos ,no entanto ,os mesmos doidos do costume e ,com o avançar dos meses ,vamos inventando novas "aventuras" .agora com o tempo chuvoso ,o nosso máximo é andar dentro das poças de água que se formam no quintal ,ou na lama ,até ficarmos todos castanhos e transformados nuns "pintos" gigantes .imaginem a fúria dos humanos desta casa ,quando nós ,nas nossas manifestações de ternura ,corremos para eles ... é vê.los aos gritos ,a tentar escapar.nos ,mas ,como somos persistentes ,há sempre batatada .... mas ,atenção ,porque de parvos não temos nada!!!!!!!! .gostamos da chuva ,até certo ponto .assim ,quando a esta se junta o frio ,safamo.nos para os nossos aposentos e só colocamos os focinhos de fora ,quando alguém resolve levar.nos a passear .nessas alturas ,somos muito bem comportados .até nos podem soltar as trelas que não fugimos .mantemo.nos sempre ao lado dos nossos donos .só somos malucos em casa ( auauauauauauauau )

ps. para que não nos confundam ,é assim
.eu ,Oscar ,sou o mais clarinho e menos doido .ou melhor, faço tantas asneiras como o meu irmão ,mas as iniciativas partem sempre dele .eu limito.me a imitá.lo
.e eu ,Gandhi ,sou o mais escuro e completamente desaparafusado .tenho um ladrar de trovão e sou o destruidor-mor ..... mas é que sou mesmo!!!!!!
( os meus donos deviam estar a dormir quando me baptizaram de Gandhi......eu que sou a antítese perfeita desse Senhor indiano )









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3.


no recato do tempo
resvalam as mãos abertas

ao encontro das palavras prenhas
de acordes breves

a pauta rasga-se em ventre
 devassante
 ao enfado





4.


 e de súbito a luz brota desinquieta............... em desespero
 fere até refulgir em sangue............... sitiado
o coração do caçador de gazelas
aquele que voltou a ensopar o coração
 escondendo-se do sol e das tempestades
porque julgara tê-la............... encontrado infinita
 como o amor ilimitado exposto à solidão dos alucinados








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3.


a vida jamais se escreveu sozinha
.
.
a deles foi uma viagem ao amor
com ida e volta
sensual
mente
 circunscrita à pele
cerzida por raios de sol





4.


na telúrica destreza dos tendões...............o reflexo
paixão que se completa na morte da brisa acúlea
no interior múltiplo
um deus arrancado ao júbilo de desencanto
hibernação das guelras
atulhadas de flores de espinhos
narrativas de seres sitiados.








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3.


 acéfala a minha reminiscência
em desassisado ou anacrónico amor

colhes por troca
 a flor-do-vento.......... o beijo
 subjugado Amante
em tudo.......... nada.......... assumido

o tombo





4.


 e daqui.......... o hostil.......... refúgio de um corpo
o desejo nas bocas brancas.......... um uivo
 cativo na tua mão sem sílaba
e sabei.......... intacta.......... a distância.......... da minha mão explode
lágrimas.......... espigões de mel
a nossa precária perdição
lucidez ou loucura um amor acéfalo









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3.


a-fundam.......... con fundem-se.......... fundam
as mãos
arcontes

fá-lo
o desejo
em desassossego
Amante





4.


as mãos incidem na labareda da visagem
ficam infusas de línguas.......... centradas
íntimas de arestas nuas
no deslumbramento dos amieiros
apenas um fio como o bafejo de dois zanis
borboletas exaustas de voo exposto
o temor único nos lábios de sol indivisível









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3.


ecstasy
as meninas anorécticas
desnudam-se
com Brighela e Arlequim
mascarados

na
passerelle





4.


a profecia dos pássaros suspensos
dos fluxos e refluxos............... artérias imensamente desnudas
e um útero de criança aceso nas guelras lilases
em geografias cavadas na carne dos rizomas
intrínsecas na periferia do nenúfar das vozes
todas as bocas perceptíveis que têm uma dilatação colateral ao coração
que desperdiça a luz dos círios.









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3.


do[l]entes de beijos
esparzidos em a-braços
Hipnos e Thanatos entregam-se
à cálida sensual
idade
do en tarde
'Ser





4.


e depois reerguesse onírico na subtileza do jogo
canto e cratera onde o amor debilmente reverbera
o pássaro fragmentado na superfície afogueada dos céus
difusos movimentos acéfalos procurando o centro
às vezes as palavras afluem e predizem o coração imaterial
tão mágico e violento que as tempestades agonizam
até onde retrocedem as florestas dos olfactos improváveis



o tempo vai passando........





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de facto ,o tempo vai passando e ,em princípio ,o nosso juízo deveria aumentar .mas não .este não cresce na real proporção do nosso tamanho .isto é! continuamos os mesmos destruidores de sempre .só que os alvos vão mudando .como a nossa dona mais velha nos castiga por cada objecto destruído ,nós investimos para outro lado .que culpa temos nós que este nosso quintal seja um mundo infindável de surpresas? agora as nossas tentações máximas são os troncos e as folhas da nespereira e das laranjareiras .ah! mas se fica algum alguidar esquecido na casa de lavar ,cuidado minha gente ,porque também vai à vida .cesta de molas? houve, em tempos......resultado .é mais o tempo que estamos de castigo do que aquele que não estamos .aliás ,a nossa dona mais velha diz que não temos emenda e para as pessoas desta casa ,continuamos a ser considerados "as feras" e os "terríveis" .não percebem que vamos ter ,como eles ,muito tempo para sermos cães adultos .sim ,porque nós só somos cachorros ..... e ,digo.vos que vida de cachorro não é fácil ,não!!!!!!!


ps .a nossa dona mais velha diz que sempre teve cães ao longo da sua vida ( e é verdade ) mas que nunca teve uns tão endiabrados como nós .auauauauauauauauauauauau ,somos os maiores!









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3.


subjacente ao traço que dos rostos se descola
emerge a máscara grega
a trama...... o ardil...... a cabala
le grand final
como se as artérias dos corpos
tivessem augurado um dúbio posfácio
.ámen.





4.


ou a melíflua hermenêutica das máscaras desmemoriadas
em arestas frescas todo o tempo numa pausa estupefacta
a morte está aí como uma mortalha ínfima nos rastros
laivos de derrocada que longínqua ternura detinha ainda
na raridade de um sopro próprio que ninguém detém
esta intemporalidade maravilhosa entre caroço e polpa
é um fulgor que se precipita contra as estacas sacrificiais









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3.


um ficheiro grávido de memórias ram
um rasto de corpos vestidos de nada
uma poalha de tempo....... um papel alienado
kafka o gato
dissimula em nuas cicatrizes
os beijos ousados
nos ventres abertos em murmúrios de cólera





4.


cada olhar derradeiro é uma cicatriz varada no cio
um deserto irradiando anzóis em seu reflexo
disposto de frente na inquietação alucinada da sede
um desejo como um íman brutal e impuro
a dinâmica subtil do coração nutrido na cânfora
já que as distâncias são como válvulas ateadas de sangue
a exaltação da carne até à fulguração dos sexos








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3.


abraçados
no sobressalto núbil do vento
um cravo ao ritmo de uma rosa uma sonata maior
a dança em movimentos cíclicos
acolhe-os
um tudo nada imenso
aberto aos corpos esculpidos no [a]deus amargo





4.


avaliando-se na própria duração do olhar
um caudal sumptuoso de borboletas alucinadas
nos recessos mais expostos do movimento
o amor no instante subtil e extremo das vísceras
mais do que um festim um longo cativeiro
atravessado por uma miragem de tâmaras
a cratera onde nasce outra vez o crime dos corpos









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3.

perderam-se nados em total [in]disciplina
no canto que do medo se fez en-canto
mergulharam
espanto e
ao soçobrar um resto
ousaram-se
um golpe de asa............a fera entorpecida





4.


a paixão acúlea alagando a destreza das aves
fundiu-se obscuridade das primeiras noites
mirando de rebordo os olhos da leoa materna
os sentidos rasgando o desejo dos dias
tudo o que antecipou a saliva do osso
como se a fêmea convocasse o predador
sob a ferocidade das falas da primavera.








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3.


sentiu um desejo irresistível de Ser
um sorriso do outro
uma gargalhada do outro
um rio de outro
a viver rio
a ser mar
em tempo de a-mar





4.


Houve um regresso pelo flanco das mãos
mas os dedos pesavam com címbalos acesos
no bronze frenético em suas extremidades
a boca resfolegava o mercúrio das chagas
porque o coração incarnava a exiguidade da pele
os animais amam-se noutros lugares ensimesmados
onde a água e o sangue apenas refrescam a pedra



o acasalamento das mãos









exercícios poéticos a quatro mãos iniciados
( mas interrompidos )



entre
João Rasteiro
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e
gabriela rocha martins
.3



2008
.



as "ferinhas" aos 5 meses





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eis.nos ,um mês mais velhos ,se bem que com algumas ,mas muito ligeiras melhoras .ou seja ,já conseguimos resistir a algumas tentações .talvez porque os nossos dentes já estão mais afiados .mas tal não impede que algumas coisas mais
ao nosso alcance ,marchem!!!! ... é só deixarem.nos sozinhos
auauauauauau!!!!! auauauauauaua!!!!!
( gargalhadas caninas )

fotos .6 ,.7 - a nossa primeira saída à rua .não nos manifestámos muito efusivos .pelo contrário .preferimos os nossos espaços verdes ,porque conhecêmo.los de cor e salteado ...
ainda por cima ,à saída de casa ,encontrámos duas "pestes" de quatro patas ,super rafeiros ( dizem que são da nossa espécie - então não!!!!!!!!! ) que começaram a ladrar quando nos viram .tentámos investir ,mas não nos deixaram e trouxeram.nos recambiados para casa .para uma primeira saída não foi nada mau

fotos .1 ,.2 ,.3 ,.4 ,.5 - brincando com a Inês .ou melhor! a Inês tentando dar.nos aulas de educação
auauauauauauaau!!!!! auauauauauauaua!!!!!
( novas gargalhadas caninas )
...

já temos a sentença rezada
ou aprendemos a bem ,ou vamos para uma escola de cães ,porque dizem que não podemos continuar tão mal educados
.bolas ,com tanta gente a dar.nos ordens quem é que aprende??!!!!

ufa! ufa!
( dupla manifestação de enfado canino )



quando duas "feras" se juntam......





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.........apesar deste nosso ar sereno ,quais adoráveis cachorrinhos ,continuamos iguais a nós mesmos ......
ir à veterinária é o pior passeio que nos podem dar .até porque ,enquanto um de nós é observado ,o outro gane e salta à volta da mesa de observação .estes adultos ainda não perceberam que  a separação ,por muito pequena ,constitui ,para nós ,algo muito sério e doloroso...
mas ,também quando regressamos a casa ,as corridas e os saltos são mais do que muitos .pudera! regressamos aos nossos domínios
mas ,querem saber da melhor?  numa das nossas noites mais destemidas ,nem a cisterna nos escapou .ou melhor ,eu ,minha Excia ,Dom Gandhi ,saltei de um banco para cima da cisterna ,enquanto o meu irmão ,Dom Oscar ,gania e gania ,porque , das duas uma .ou tentava imitar-me ,mas ,mais ajuizado ou medricas do que eu ,não se atreveu ,ou tentava alertar os humanos da casa .se não fosse a nossa dona mais nova que ,entretanto ,apareceu ,eu ,Gandhi ,tinha mergulhado ,no poço-cisterna que era uma beleza!!!!!!!!!!!!!!!!!
quanto às coleiras anti pulgas e carraças - que podem ser vistas nos nossos pescoços em fotografias mais antigas - arrancámo-las à dentada ,em manifestações mútuas de carinho...
um dente de leite do Oscar foi encontrado no chão da pérgula ,depois de uma luta pela partilha do mesmo osso ,enquanto um segundo ( osso ) que nos foi dado - sim ,porque cá em casa o lema é "cada um a cada qual" - descansava ,abandonado ,a um canto
bom .... para cúmulo ,dos cúmulos
.... imaginem que até o dedo mindinho do pé direito da nossa dona mais velha virou salsichão ( partido ) com uma investida ,nossa ,mais impetuosa .não imaginam o que nos aconteceu ,a seguir .( auauauauauaua+auauauauauauauau ) é melhor fecharmos a bocarra......



os quatro meses dos "pestinhas"





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para que conste .....
..... por aqui passámos .nós ,os "terríveis" Oskar e Gandhi e ,como podem observar
,por aqui deixámos as nossas marcas.
ps .gostariam de saber onde param as nossas coleiras destruídas ,abocanhadas
,respectivamente ,por cada um de nós?...
nós também ,porque
... ,na destruição ,somos os maiores!!!! ...



não há nada que nos resista





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continuamos a dar conta de tudo à nossa frente


uma das botas da escuta Inês ,já era;
um saco de carvão ,já foi;
lençóis pendurados - auhauhauhauh - continuam a ser;
plantas?
é melhor nem falar.........

"topem.nos" nas duas últimas fotografias!!!!!!



nós ,as feras





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flores....... auhauhauh!
e a disposição da nossa dona mais velha passou a ser um pouco diferente.
ou seja ,por cada vaso que vai à vida ,ou cada flor que é arrancada ,é uma
hora de castigo ,depois de um sermão de meia hora....