leszek sokol
da resistência à presunção
no afear da dúvida que se reclama resistente caustico a presunção num ressuscitar partículas infinitesimais onde me vou coroando de inquietações
há quem ore
quem suplique .quem chore sobre o abandono e a dor numa escarninha liturgia
no Livro de Horas os minutos revertem-se numa ambição burlesca
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
clausura semiótica
enquanto os animais e as plantas falam entre si numa linguagem que só a eles pertence a noite cai .lá fora onde a fascinação do dia de.cresce passeiam as vozes e cá dentro nas estantes de uma biblioteca os livros adormecem os olhos no computador onde as palavras se vinculam .é o triunfo do silêncio .a arte de consagrar a anástrofe como reflexo da única conjugação possível
.volto mais tarde para enclausurar os signos
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
advertências e comunhões
advirto-os
.de hoje em diante só escreverei sobre a in.continência
mal disfarçada dos alienígenas. de quando em vez as litanias visitar-me-ão
.de hoje em diante só escreverei sobre a in.continência
mal disfarçada dos alienígenas. de quando em vez as litanias visitar-me-ão
.não prometo dízimas a peditórios
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
em nome do inverosímil
e agora pai
que dizer do triunfo de um olhar cáustico?
e agora pai
quem vinculará o combate que inventámos
em nome do futuro?
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
aponho o ponto final à vírgula
não me venham com convenções inflamados em certezas
os resistentes eternizam-se na implantação das dúvidas
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
expurgo a morte numa taça de vinho
não sou flor que se cheire nem cão que se passe a mão pelo pêlo .sou cavalo sem albarda .metáfora não disponível .aragem a que o siso re.vestiu de in.sensatez e sirvo Vénus para seduzir Apolo .piso o vinho novo e faço de Asmodeu meu par .quando Azrael me bater à porta convido-o para entrar ou digo-lhe a-deus
como uma afasia volátil fora de qualquer prova
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
agendando o infinito
detenho-me nesta placidez qual vagamunda em trânsito .sei-me uma ida sem volta .um crepúsculo onde os sonhos não têm entrada e onde os lémures deixam no chão marcas de água como rememorações afagadas pela acidez mal capeada .disfarço-me de mentiras arvorada em mal menor e abandono as palavras difíceis ao cuidado dos predadores da Língua
que me têm por agenda
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
o resultado de um sonho acordado
acompanho-te na urdidura dos gestos quando os passos do futuro se perdem na fragmentação dos Seres menores e expurgo-te do esquecimento se metade sangue metade água te perderes em contemplação .então quedar-me-ei contigo em êxtase como coágulo de um sentimento deixado à boca do silêncio .mordazes desaguaremos num leito de in.diferenças prontas a navegar
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
há muito que a irritação me arranha
agasta-se a gravidez no pseudonismo a que a cartola e os anos revertem em “magister”
.enjeita-se o prémio porque quarto
-que desrespeito e desfaçatez!
.embandeira-se porém em mastro de arraial o que se apressa a tornar público em éditos apesar das artrites reumatoides quando doctor honoris causa se perfila entre as anáteses e as epítases (con)sagradas pelos memoráveis de uma Academia ir.refragável
abençoados os que bordam panegíricos menos finos
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
prefacio os textos sem a noção do todo
dificil mente me preocuparei com a facilidade do discurso ou com a profundidade do verso que os mártires consumirão ou não .o declínio é um pre-texto para o narcisismo dos asnos esquecidos do fascínio da revisitação .a virgindade confunde-os e os melindres transformam-nos em cinzas aforradas às corporações ministradas pelos senhores do siso .aponho as minhas mãos em outras des.construções a que os ditames do depois perceberão o que sobra do abismo
afloro o gosto pela não ordem fascinada pelo in.justificável
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
deambulo pelos limites a.morais
misturo-me na confusão dos átomos sem destino e a argúcia metálica dos meus neurónios subscreve frases elípticas aconchegadas em folhas a que o sono simulará .desfaço o lugar do agora numa espera arguida pela viuvez a que os dados não expurgam setas .aprontam-se os cheiros enquanto um olhar de fogo transfere para o outro lado do sono a inútil sensação de viajar pelo universo mítico .omito a invasão dos láparos e assumo
no des.conforto do Ser a aventura de um sorriso
inscrito no limite do in.visível
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
em re.começo canto o fim dos dias
olho as rugas que vou marcando ao canto dos olhos e em cada uma revejo um verso esquecido no meio dos nervos que me são anos de brincar-de-conta .é hora de esquecer a temporal.idade e inventar um modo outro de reverter o gosto .sintetizar a tinta que retenho nos lábios .talvez assim afore fios alquímicos re.inventando modos novos de conceber o Caos que a-braço
e levantado o mastro em ruínas
arvore ciladas
ao rascunhar livros havidos como sínteses na antítese
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
insinuações in.equívocas
morosamente
deixarei dedadas nas arcadas dos templos
de outro modo
serei breve
a escorregar na desfazia do tempo
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
pré-texto .um encolher de ombros na rotina
ausentam-se os comensais
regresso amanhã esquecida dos livros e pousando nas estantes os restos da deglutição consumida no ano findo .os arcanos – absorvidos os fluídos – pousam os dedos sobre os olhos cavos
circunscrevem-se os comensais
ao repetir os gestos .na oratória e no arcaísmo palaciano .quais pequenos bípedes bordam a nervura do luto e do falso quando a velhez os pinta de verde amarelo e vermelho
ou se aprontam em ruínas e socalcos onde os pássaros esculpem memórias em re.visitações permanentes
omitem-se os comensais
no levantar dos dias rasos de um eterno e ousado brincar-de-conta
ser diferente não é rasgar a dúvida
antes a afonia diurna de um álgido a conte’Ser
ser diferente não é rasgar a dúvida
antes a afonia diurna de um álgido a conte’Ser
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
.1
(…)
Os corações pulsam, no entanto não podemos falar?
Mas há um som dedilhado que a cada hora empresta as suas harmonias,
Mas há um som dedilhado que a cada hora empresta as suas harmonias,
Que talvez agrade aos deuses que se aproximam.
Tudo isso prepara e desse modo quase dilui
O cuidado latente no contentamento.
Cuidados como este é forçoso, quer queira ou não queira, um vate
trazê-los amiúde na alma, mas aos outros não.
trazê-los amiúde na alma, mas aos outros não.
Extracto de “Elegias”
_Friedrich Hölderlin
( Trad. de Maria Teresa Dias Furtado )
.
(…)
( vou morrer ,mãe? )
gritam
as viúvas
na roda de um tempo
de nervos e folhas
mortas
.das muralhas
outrora
marcos de civilizações
hoje
restam destroços
em obituários
irracionais
-vou morrer ,mãe?
extracto de II- em tempo de barbárie
in “ferinas são as cadeias do tempo”
_Gabriela Rocha Martins
escrito e editado por
Gabriela Rocha Martins
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