45º






.
.

Sátiros os arcanos
afoitam-se

num adeusar
rasgado em tempo

de salivas
brandas

.um gesto?

.um silêncio
a que o ruído

augura
anseios

epifânicos
a novos

incêndios






santiago carbonell





44º






.
.

depois das palavras
chegaram as cerejas

em esteios e
prelúdios

sensuais

.quiseram-se
diferentes

ousadas
em mantas de retalhos

.e de delírio
em delírio

afirmaram-se

ardilosas
entre as balaustradas
dos templos

.tardaram-se
em rechaços e
conflitos

mas foram ELAS
senhoras da raiva
da volúpia
do prazer

Amantes

rainhas não castas
do vento e
dos encontros

narcisos
sem vergonha






michal karcz





43º






.
.


um dia quando o poema
me vestir de verso e

o teu corpo repousar

num simples nó de luz

descerei aos Infernos
e inventar-te-ei
num gomo de asa

.pronta a golpear milhafres
desvendarei sorrisos

e tu
minha irmã-ave

serás no quanto
o momento das memórias

acidentadas






pier toffoletti





42º






.
.

desato e ato
no revezo
das gerbéras

o desmedro
das flores
campestres

e vou
de surpresa
em surpresa

ligando e
des.ligando

os amansos
que o tempo
de um beijo

escarça






michal karcz





41º






.
.

escrevo no feminino
o que o masculino

esgarça

e sinto em cada
verso

o agravo

da devassa






michael triegel





40º






.
.

vamos construindo
num dueto

cada vez mais longe
cada vez mais perto

tardanças aladas
de loendreiros

bravos

onde as crianças
de outrora e
os anciães de hoje

repisam

remansos
fora de horas

.assim
num letargo

amargo

vamos tecendo
lonjuras

amansadas
por tardos

a manhe’Seres






michael triegel





39º






.
.

na minha imaginação
de MULHER

parida
aquém dos silêncios

imagino-te
perdido em revelia

enquanto tu
concebido além
do tempo

atravessas lagos
rios e
oceanos

no teu en tarde’Ser
de HOMEM

faminto
de memórias






michal karcz





38º






.
.

não sei
se amanhã
virei buscar
os restos
dos afagos

concebidos
em contra-mão

mas sei
que guardarei
na gaveta
do tempo
um estuário
de a-braços

recolhidos
em cante-chão






pier toffoletti





37º






.
.

há um cansaço
velado

que me prende
aqui e
agora

.longe
o barco levanta
a âncora

rasga as águas

e o sorriso
das cerejas

aconchega-me
no des.apaixonar

de manso

.talvez
mais tarde

ainda haja
tempo

para o resgate

das palavras






santiago carbonell





36º






.
.

se me disseres

amo-te
dir-te-ei

tenho fome

.se me pedires
um beijo
esconderei a face

no rebuço dos sorrisos

.se me perguntares
até quando?

abrirei
as asas e
voarei

para longe

num des.atinado a-deus






pier toffoletti





35º






.
.

era previsível
o passamento

.o des.obrigar
dos Amantes

amados

havidos
num tempo

de delírio

concebido
ad aeternum

.hoje
o ardil

.amanhã
talvez um outro
aquecer de mãos






michael karcz





34º






.
.

a tua imagem
esvanece

aos poucos

.retardo
a cor dos teus olhos

a tua figura
envolta
em névoa

o teu deambular
pelo quarto

o teu corpo
difuso

as tuas mãos
sôfregas
de mim e

as memórias

consumidas
em afectos








michael triegel





33º






.
.

tenho
que dizer-te
a-deus

afoitam-se
os aplausos
a outras sinfonias

quiçá
mais calmas

quiçá tão bravas






pier toffoletti





32º






.
.

nunca serei direito
sou avesso

sou acesso
fúria
atenção

e no reverso

de mim

consagro
novas sinfonias

apatias

sem princípio
ou fim

que querem?

sou um aviso
em negação

numa ausência
em transição






michal karcz





31º






.
.

ser em tempo
de nova servidão

um desmedro
ou um intento

con.formados

talvez
sejam

na in.tranquilidade
que ora
reputo

os versos
mais que im.perfeitos

os trilhos
face ao abismo

nas rotinas
do presente

e na recusa
do evidente

digo não
em vez de SIM

sou MULHER
não casta

.ouso-me assim






michael triegel





em jeito de ponto final






.
.
.

agora vou-me embora
sem choros ou
gargalhadas

estou pronta

para no meu traço de Mulher

des.apegar

o jogo
a palavra
o luzeiro
o ilusório
a máscara

a Via Láctea






santiago carbonell





XXXIX






.
.
.

é de dúvidas que me visto
de certezas que me dispo

e desço ao molhe

pronta a agrilhoar fantasmas

.e em teu rosto de menina
em meu corpo de Mulher

sobram poemas
em rasgos de tardo a-mar

.além o mar







jurgen heckel





XLVIII






.
.
.


um dia quando o poema
me vestir de verso e

o teu corpo repousar

num simples nó de luz

descerei aos Infernos
e inventar-te-ei
num gomo de asa

.pronta a golpear milhafres
desvendarei sorrisos

e tu
minha irmã-ave

serás no quanto
o momento das memórias

acidentadas






santiago carbonell





XLVII






.
.
.

delírio in.quieto
o da palavra

solta no verso

ou no adeus onde
me visto e sou

fugaz

.adeuso o a-braço
o des.pudor
a nudez

num despojar
de asas

.e assim Mulher
talvez um dia
me atenha

num bem-querer

errante






mary antony





XLVI






.
.
.

acerto o gosto
num refúgio

plúmbeo

onde te guardo
apresa ao ventre
como corrente
a des.laçar o tempo

.e se acordo
ou adormeço

a desvendar
mistérios

des.laço-me

meia irmã da lua






margarita sikorskaia





XLV






.
.
.

agora que o adeus
retarda e o corpo
adensa

deslocam-se os modos

numa recusa
à evidência

e assim posta em sossego
reacendo o lume
no apreço de te ter

mais perto

.o longe cansa
a vida foge e nós

num con.sentido nó

sossegamos as mãos
sobre as memórias

.somos a complacência

dual

de um cavalgar mais bravo  






michael triegel





XLIV






.
.
.

tudo o que me resta
neste des.acerto

de horas

é o regaço
das flores campestres

onde me demoro
des.guarnecidos

os sentidos

.insistência
íntima
de ser

recusa ou
des.agrado

.porquê agora?






santiago carbonell





XLIII






.
.
.

sou em ti a negação
de outrém .alguém que inscreve

o prazer

na recusa do vulgar

.sou absinto
Vénus
deleite

e aceito
no des.acerto

o confronto

quando de noite me deito
em teu corpo

des.amorada






margarita georgiadis





XLII






.
.
.

e assim me tenho em sossego
guardado o casto
segredo

tecido em brando resguardo

refrego o ponto

des.construo

e na fissura-estilhaço

confundo o tempo
embaraço

na outra em que me entrego
des.monto
subo-recuo
ou faço

dum encontro

um des.encontro






leszek sokol





XLI






.
.
.

tenho sede de beber
este corpo
este trilho

onde o vento
meu irmão

me traz recados
de ti

e solta
minha saudade

deixo planar a lisura
onde escondo
em hora de des.fazer

restos
causas

embaraço

feridas por des.coser






michael triegel





XL






.
.
.

há rasgos chegados
de manso

ao calor do meu olhar

e se me tenho
proscrita

em outra pele
orvalhada

rasgo brumas
solto corpos e

desaguo

no outro lado de mim

.minha saudade
meu corpo
meu resguardo

de menstruo

somos breves
somos uivos

plantados
ao desbarato

na cama in.certa da noite






mary antony





XXXIX






.
.
.

ao declinar a hora
retenho o foguear
das imagens

onde insiro

esta Mulher que invento

.serás o fruto que tenho
sob a epiderme

em a-braço

ou a cicatriz ousada
em pecados sobrevindos?

desobedeço-me e derrubo
o que em sobressalto

res.guardo

.serei eu
ou serás tu

mulher-amante
-amada

a Fénix do meu cansaço?






margarita sikorskaia





XXXVIII






.
.
.

em tempo de madrigais
requeiro ao azingre do horto

um certo gosto
a amoras

plissadas

e o vento mandrião
ao pleitear

searas

voa ao epigrafar
a ceifa

.será que foi ontem
ou hoje?

não me lembro

a vida passa
e eu torno sempre

ao equilíbrio das esperas






jurgen heckel





XXXVII






.
.
.

e assim nesta desrama de mim
arvoro agraços

ao desproveito

e castro hoje
o que ontem

sancionei

.sou um lembrar

dessoante
absoluto

no vaguear a bruma quando
crível
me levanto






leszek sokol





XXXVI






.
.
.

que des.quietação é esta
que o fogo
liga

ao in.certo

e a veia como névoa
em desalinho

tropeça

num desassossego
cujo motivo

me in.quieta?

.não sei quem sou
o que represento

se os mitos
que desfaço

se os vermes
que des.sangro

agora






margarita georgiadis