o fascínio das horas mortas




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na pégada de um afonismo 

que me tem no mister de outras falas

submeto-me às ausências 

cada vez mais longas 
.coloco os olhos sobre a mesa de cabeceira e 
guardo a boca na primeira gaveta da cómoda 
.quando abro a porta a fim de respirar 
um pouco de ar puro

uma falsa ubiquidade 

oferece-me um rosto ulcerado 
.aceito-o em aparente submissão 
.antes o meio do que o nada 
.vulgar juízo de quem tutela 
a in.transigência 
enquanto eu

de rosto inventado 

valseio em torno do poente 
.o meu sucedâneo passa a ser um vaticínio 
cada vez mais in.verosímil 
.tutelo-me pela equidade dos movimentos e 
em queda vertical transponho 
o último baluarte do real 
.o absurdo aguarda-me e
vestida de ácaros e pestilências

vagueio pelo instinto 

como um hóspede em transgressão
.corro o risco de esquecer-me de mim






anny maddock