em queda livre






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eis-me pronta ao abocanhar das feras 

.ao festim dos bárbaros 
.à desistência 
.espero-me no papel dos cínicos 
.a omissão será o meu meio de transporte 
.sei-me no limite e insisto 
já que o desafiar o medo é o meu ponto de fusão 
.o encontro entre o desperdício e a teimosia 
próprios de um cansaço de meses 
.de anos 
.telegrafo frases parágrafos e linhas 
num agravar o tempo 
que deixo como um testamento des.alinhado 
.recolho os alinhavos presos às algibeiras 
de um casaco usado em demasia 
.desenho-me entre consoantes 
cada vez mais insanas 
num labirinto acostado de repetições 
.apresso-me na asperidade 
.na exigência de outros desafios  
.não ouso ignorar a fronteira 
.como sequência do equável

os eufemismos esperam-me 

do outro lado do portão 
.saio pela porta da frente

.às vogais talvez lúcidas 

deixo aberta a das traseiras






anny maddock