de todas as presenças faltam-me as flores azuis






consuelo arantes






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todos os dias os meus olhos debruçavam-se sobre a casa o jardim e o caramanchão de flores azuis .era através delas que os meus projectos ganhavam forma ou se identificavam com a imagética do meu bizarro quotidiano .ontem cortaram o caramanchão .hoje despertei sem os ditames das flores azuis .apenas ferros e alguns troncos enrolam-se no meu ângulo de visão .falta-me o meu caramanchão azul .sei que nunca soube o nome dessas flores mas tinha-as .azuis .e eu todos os dias ao abrir as portadas cumprimentava-as e elas respondiam-me resguardadas no mistério de Ser-flor ao som das alegorias e
dos acordes do Magnificat de Bach