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é neste saber a rio que galopo as marés
que visto de algas os dedos
.que dispo de búzios as mãos
.que encosto ao ouvido o som do navegante
.que me visto de neblina e me distancio
em navios de prosa
.que solto os ventos num adivinhar absoluto
.que oblitero os mistérios engendrados
ao longo da viagem
.sou margem
.e na dúvida
um deserto de depurações marítimas
.refúgio de um oceano em permanente ebulição
.marmoto
.um choque em cadeia onde as vagas se enrolam
.carpideira de ondas declino o medo e
regateio ao pôr-de-sol o testemunho
de um tresloucado legado
.que dizer dos peixes?
que vozes lanço ao abismo?
risos que se anunciam uma e outra vez
.e assim neste saber a nada
faço do rio o meu acostar
.do mar um navio ao largo
anny maddock