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rasgo aos bocados esta manta de retalhos
a que chamo casa
.devoro a poeira e acima do grito álacre da estirpe
deixo-me olhar de perto o obituário como simbolismo
das aparentes etiquetas
.tenho-as em total desprezo porque ninguém
desventra uma prenhez in.fecunda
.mais sentido é o luto de um escravo de lembranças
expurgadas pelo cheiro das magnólias
ainda a saber a tinta nova
.um luto que não morde a in.solvência
.antes extingue o baixo-relevo
uma escultura ou um pêndulo que guardo
em des.agrado
.a minha casa é diferente de todas as casas
.não tem portas
.não tem janelas
.não tem paredes
.é um texto que transporto em construção
.em re.visitação de espaços
.grávida de um tempo
a minha casa é o bem-querer que escorrega
pela algibeira da infância
.na minha casa as crianças adejam o amorável
marina podgaevskaya