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se não me bastar o passar as rugas
.as faces refeitas no desassossego
dos olhos guardados na algibeira
de um velho casaco
.na cadeira do quarto
.na mesa da sala onde a cozinha
adormece no meio à distância
de um braço
.no regaço grávido onde a lua escorrega
pelas pedras outrora túmulos
de vulgares assentos
.assim a luxúria que me é guarida
de nocturnos a-deuses modificados
os leitos onde os rios confluem
.agora o silêncio
.um fazer de conta escravo o anseio
de um tempo matriz
.mordo o direito
.escavo o avesso e extinta a linha
que na boca se fecha
acordo a manhã do dia seguinte
.talvez me enfade
.talvez me resolva num assentar
de poeiras com a cor do sono
.e sei
do tempo outro de olhar o perto
quando do longe cativa
.esboço esfíngico de um pássaro
sem bico e sem asas
a arvorar o avulso
monika serkowska