prisioneira de ficções






chego descalça ao fim do areal e
trago comigo a lonjura do oceano
.descrevo com as mãos planuras e
imagino um universo feito de equações
que se apagam com o chegar das ondas
.escorrem pelas minhas faces saudades
de beijos con.sentidos e o silêncio das
marés contrapõe-se ao ruído da vaza-
-mar .estendo os olhos e deixo-os
planar sobre um horizonte de pássaros
que em bando se aproxima e eu encostada
ao sonho de não acordar deixo-o preso à
adivinhação do adeus .amanhã os meus
passos correrão sobre a areia e os meus
dedos voltarão a desenhar novas esferas
.os meus braços tecerão novas teias mas o
silêncio do teu estar deixará de fazer
parte do universo onde as frases se
aninham .não haverá desculpa para o
sono neste acordar agnóstico onde o
absurdo e o fascínio pelo Uno mergulham
em memórias .será um tempo de voltar
de página e eu calçada de sentinelas
deixarei preso ao areal um manto de
quimeras .sei que res.guardada no
interior de um corpo me aventurarei
em outros espaços e deixar-me-ei
envolver por novas personagens






michael bilotta