o encontro das marés






um des.engano de voz esconde-se dentro do poema
que acabo de rascunhar e que se aquieta com a
patine das tuas cãs onde os meus dedos adormecem e
eu fachada no abraço da palavra que ainda não ousei
deixo-me atropelar pelo torvelinho da emoção que
de manso
mansinho
vejo inscrita a azul nos teus lábios e nos teus olhos en
quanto quedada em sobressalto insiro um bocado
de mim na folha ou no desejo que se estendem para além
de nós
vestem-se de azul mar os teus braços que enlaçam
os meus num amplexo com cheiro a margaridas

era verde a melancolia do verso quando a tua mão pousou
na minha e eu quedada no medo de acordar
deixei-me surpreender com a astúcia de quem a meu lado
questionava - perdeste a língua?
não entendi o vazio que o teu a-braço guardava e
no resguardo do teu corpo e na ausência de mim
apaguei-me na folha do poema imaginando-me
no recanto mais ousado do teu corpo e num momento
breve
brevíssimo
tive-me suspensa entre o ser o querer ou o ousar
como se a tua língua me dissesse
prende-me meu amor e
o teu corpo me gritasse que para lá de ti
há um infinito de marés bravas .então
baixo
baixinho
levantei voo consciente que o tempo de aproar
me deixaria presa ao cais e o teu a-deus que não começou
nem acabou em mim seria mais um conflito
onde a razão fenece
hoje o poema reveste.se de um verde a-mar






george christakis