a janela do silêncio






insiro-te neste faz de conta na indecência do verbo e
com a cumplicidade da sílaba esgoto as palavras
meu Amigo!
.não sei entendê-las na frequência da escrita e
muito menos no sussurro do acto mas
alinhavo-as como prenúncio de um estado de
maior clarividência apesar do ridículo da afirmação
- dizia o poeta - senhor do êxtase
.sei-me cativa da rosa que deixas sobre a cadeira
enquanto a tua mão se estende para a porta que
devagar
como os gestos trocados se abre ao encontro de
novos encontros
.a leitura exige-nos um aperfeiçoamento quando
entregues à construção da forma deixamos as
unhas cravadas no dorso de um qualquer animal de
estimação esquecido no vão da escada que
antecede o quarto onde a roupa desalinhada
descansa
.é então que deslizas pelas manhãs claras de
um café tomado ao a dorme'Ser enquanto as tardes
antecedem o festim que preparas sem te aperceberes
que o amanhã já se inseriu nas páginas preenchidas
demais por outras histórias de encantar
.abres os braços e eu enrosco-me
na melancolia do a manhe'Ser olhando o retorno ao
silêncio onde sempre me atenho por inteira
.um dia hei-de deixar-te num golpe de a-mar e
sob a chuva que lado a lado com os gnomos
se envergonham  de ser correrei ao encontro dos
meus ídolos de infância
consciente de que para sobreviver terei de mergulhar
no teu olhar coberta de algas
junto ao barco que em praia-mar ancora no meu quarto





george christakis