considerações muito inoportunas .a missão do intelectual




II – a missão do intelectual

por todo o lado se ouve falar da “traição dos intelectuais” e na “falência das ideologias” como se fosse a coisa mais banal do mundo
.em bom abono da verdade nunca houve uma coisa nem outra
.o que houve e há é uma falsa utilização do termo intelectual no que respeita a petulantes meros escrevinhadores ficcionistas imbecilizados e políticos medíocres
.são raríssimos no nosso País os verdadeiros intelectuais
.ser intelectual exige à priori entendimento saber e predisposição para … tornando-se através da inteligência e da compreensão uma espécie de vocação a que dificilmente se foge .diria mesmo que é uma limitação uma forma de humildade uma missão que os faz sentir sozinhos no mundo
.mas em primeiro lugar essa missão exige clareza de visão e horizontes rasgados .depois considerar os problemas no concreto e por fim reflectir com realismo e serenidade
.o esteta que através de bons argumentos defende uma conclusão social bem fundada .o cientista que descobre uma nova perspectiva de forma experimental ou por dedução o médico que diagnostica .o político que reflecte e decide e o arquitecto que projecta com conhecimento dos espaços e da História a mais conveniente e bela envolvência para determinado bairro citadino cumprem-se na sua função porque todos têm uma importantíssima missão a desempenhar – a de compreender e de fazer compreender .e como intelectual cabe a cada um de per si uma missão acrescida – a de reflectir com inteligência
.missão difícil por vezes impossível
.ela custou a vida ao primeiro filósofo grego que Platão pintou no seu deambular ideativo
.custou igual mente a vida ou a privação da liberdade a muitos nesta civilização ocidental autocrática e acrática
.e quando tal acontece o intelectual é visto como um super-homem porque ao definir perspectivas bem evidentes não se deixa arrastar pelos problemas comezinhos assim como não deixará de definir-se e manter posições claras quando assim o considerar como oportuno

é natural que possam perguntar o porquê destas reflexões tão breves e quiçá tão desarrazoadas neste momento e neste local
.não é fácil responder senão como um desejo de comunicação e compreensão das pessoas com quem se contacta e vive em e com diferentes perspectivas porque mais uma vez repito a meu ver a missão do intelectual não se deve definir apenas para os que são em toda a sua grandeza e significado mas também para os que aspiram a sê-lo ou de qualquer modo compartilham essa tendência desejo ou vontade própria

um mero exemplo
.creio que a missão de um político não é fazer riqueza aumentar a quantidade de cimento de uma produção fabril ou o número de automóveis a montar por ano num determinado país
.cabe-lhe outrossim proporcionar e saber gerir a sua actividade visando o desenvolvimento social e económico através de uma gestão centrada no relacionamento de ideias de volições de sentimentos e de processos técnicos
.exige-se antes de mais a humildade do querer saber e ousar compreender

em suma e resumida mente a grande missão do verdadeiro intelectual é reflectir sobre os grandes problemas da Humanidade e procurar encontrar-lhes soluções
.se acaso houver de mover-se num campo prático pode e deve após uma apriorística e aprofundada reflexão debruçar-se sobre a realidade concreta que ousa saber aprender e apreender até à exaustão e assim tornar-se útil à resolução dos inerentes problemas sociais económicos e técnicos
não será assim?