raias poéticas






don seegmiller






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hoje deveria estar com a ternura
nas mãos no encontro das odes
maiores .deveria envernizar o dia
com o bálsamo dos noivados e acordar
a noite com a mestria dos sábios .faço
por esquecer
recolhendo-me a um
silêncio obstinado e aguardando a hora
de dizer presente à falta .não resisto à
chuva que me prende ao largo quando
vestida de papel vegetal me reservo a
um obrigada ou a este fátuo amor que
me asila devagar .e assim
na forma mais justa de ser uma página
em branco apresso-me a não pensar .a
ser apenas um gráfico que se esconde
.um Serin.completo face à rendição e
à argúcia .falta-me
porém
a coragem para fazer da veste monástica
com que
há dois anos
revesti o corpo
um outro modo de esculpir a ausência
.sem remorsos