vou à frente buscar o passado*




.
.
.

no desmedrado amnésico de quem só a si se consente
des.construo velórios 
repasso a demência no écran das sílabas como se a omissão fosse um atalho para o esquecimento
.e é
.abstenho-me na continência de quem não olha para trás e muito menos para os lados
.fazê-lo é rasgar na Ágora a túnica polifónica de Cícero ou queimar Ofélia na biografia errática do deslustre
.é suspeito ser-se o anti-verso ou a cadência sufragada pelos monólogos sussurrantes
.deixemos os planos os nacionalismos e as leituras para depois
.ousemo-nos na bastardia das vésperas antes de aprontados os hábitos das carmelitas descalças
.somos a memória não o tempo
.fictícios reflexos inomináveis suicidas e ambivalentes
.premonições de rupturas assentes em evasões porque é de vinho que se augura o devir
.jazente sobre os epitáfios Narciso cega




________________________________________


*Isabel Mendes Ferreira






angel cestac