sei de rumos .não sei de cardos






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inóquo o beijo da serpente que de manso se enrola na indiferença 
baixada pelo último dos mortais 
.é genesíaco o seu balouçar de cabeça 
.aprumada a mim que a espreito da janela do escritório 
.olha-me como um parêntese aberto à crispação da minha pele 
e eu retribuo-lhe o olhar a tempo de esventrar anseios 
.somos dois seres em suspensão 
a cerzir o silêncio de uma tarde vestida de novas vibrações 
.uma apronta-se às vésperas 
.a outra à concepção 
.ambas roemos o im.possível e 
confirmamo-nos na despedida de um Verão que se concebeu em excessos 
.dista-nos a idade a derreter bocejos 
.de nós o ensejo apostado num futuro desistente 
porque de memórias se teve em filiação 
.olho o lugar onde há pouco invoquei a serpente 
.não sei de rastos 
.sei de factos que me fascinam 
.assim convoco os vermes 
.o melro 
.o muro 
.os bastardos 
.os bárbaros 
.os náufragos e os errantes passageiros 
desta viagem cartografada ao milímetro 
.sabe-me a diferente o rastilho que a imuniza  
.sento-me ao lado da serpente a respirar desejos

e deixo-me apoucar na pausa 
.grácil e soberana






anny maddock