adorno de epígrafes os epitáfios




.
.
.

capitulo ao calor da tarde e tenho fome
.de rabiscar
.de saltitar de projecto em projecto
lançando os rascunhos ao demo
.e porque tenho fome de sinais
lanço na mancha branca do papel
caracteres mal definidos
.remoo a sinalética
.a concordância
.a vagamundagem e
tenho fome
.de escrever
.e se o hábito e a tinta são peçonhas
que se me colam aos dedos
deles recolho o testemunho de resistente
.é hora
.acerco-me
.penduro as palavras nas cordas e
os versos nos estendais e
em cada omissão de corpo
anuvio o brilho que se cola ao verbo
.apercebo-me dos tempos e dos modos
.cada vez mais longe a in.umanidade
apronta um novo desfecho e
um outro deslace às vigílias
.o selo final da parcimónia
configura aos Amantes certas submissões
.fecho o cerco e ofereço-o como presente
ao poente
.adormeço no derradeiro amplexo de sol
.agora tenho sede
.ausência e sombra a quem restituo
a folha em branco
.afonia
.exíguo texto envolto em opacidades
.agora tenho sono
.absurda forma de resistir ao vazio






angel cestac