Marco e Catarina .uma visita à Casa Museu João de Deus




10h00
uma qualquer manhã de Julho

saio quando o calor adormece os corpos
há que inventar espaços nesta aventura de ganhar alternativas
o sul sufoca
gente / praia / gente / sol
há que encontrar outros trilhos
novas paragens
o absoluto desafio

entro no café aliança
em são bartolomeu de messines
peço uma bica // uma garrafa de água
folhados molhados
“uma dúzia para embrulhar
- se faz favor –
atravesso a rua e entro
em algures

um enorme quadro de “Carlos Porfírio
retém
alfarrobeiras
árvores da beira serra
resistentes como as suas gentes
na parede ao lado
duas frases em bronze
diz o que sente na forma como lhe brota espontânea da ideia
Antero de Quental ]
é o nosso maior poeta do amor
[ José Régio ]

um sorriso azul inicia um novo desafio
subo as escadas e
uma voz cadenciada insinua
enquanto o Marco e a Catarina se atrasam
na leitura acrílica de poemas
um miúdo mais azougado passa a correr
ri
dispara
ups desculpe
um outro persegue-o
mais atrás
uma terceira derrapagem quase me atropela

ali
há vida

espaços abertos / rasgados / vividos / estoriados
amplos / claros / reinventados
contrastam o criativo

guardam
o silêncio
o espírito do lugar
absoluto

regresso
em verdade ou como consequência
ao mundo do faz de conta
e deixo a sugestão
.
.
.
uma visita à Casa Museu João de Deus,
em São Bartolomeu de Messines