contrários






leszek paradowski






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complacente à flâmula
aquieto-me à beira do vulcão
das palavras perdidas .descalço
as sandálias e ao pescador peço
a barca enfeitada de líricas várias
.rendo-me à poesia que me pega de
estibordo e a bombordo modulo
os poemas que me tomarão de revés
.suspeita ,avulso-me ao enterro das
vagas num longo arrojo de horas
.urge esquadrar a métrica e navegar
ao sabor dos contrários tendo a
rima como bússola e os parágrafos
como pontos de referência .apresso
a viagem carregada de ironias que
vou largando de porto em porto
escudada por frases
complicadas e perífrases
.retraio-me e
porque queda
excedo-me em versos que me queimam
os dedos