um resfolgar insone de égua






lucio ranucci






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deixo-me aquiescer neste formigar
de sono .neste abandono de tempo
salivando o nada
.olhos fechados ao ruído .e
o sono que não vem .apenas a morte
aparente como uma flor sem cheiro
ou um navegar sem rumo
.aqui e
agora
.um turbilhão de excessos ao
questionar o passar das horas .sem
retorno .um alfinete de dama
deixado no beiral dos sonhos
.um respigar de aprumos
no auto-convencimento cínico
.um apertar de mão .cinzento e bruto
como o resfolgar da égua impune ao
colapso .não penso .não durmo
.apenas me quedo à porta do in.certo
sem medo de acordar
mais tarde