com asas de fogo como mortalha






lucio ranucci






*
*
sei de ácidos de tesouras de perjuros
e voragens polidas ao a noite’Ser
.não sei de colagens e favores tecidos
na voragem dum presente que vassala
.vigilante sob a árvore dos símbolos
ofereço-me na expectativa
do in.declinável e sei
do mito
da falência e da vaidade mecânicas
de quem se tem como senhor do
poder adjectivo
.debaixo da volúpia e da ironia tecidas
em sátiras aveludadas
acomodam-se os que pouco partilham
num frenesim onde não há
vencedores nem vencidos
.a sorte lança-se de revés .o povo
desconfia e os senhores do mau gosto
aquecem-se nas chamas apagadas
da memória .na esquina da vida
o homem só estrebucha
agonizante
envolto no seu próprio vómito