a (in)certeza de uma casa diferente




.
.
.


abre-se a casa aos anseios da demência 

como um casulo perdido entre 
as urdiduras da lã onde só portas e 
janelas se abrem ao infinito 
.líquidos diversos sombreiam os muros 
que a rodeiam como corpos semeados 
no desbarato do tempo 
.equívoco maior o desejo que a manhã 
trará consigo ao des.abrigo das horas 
como lanceiro de uma bebida 
a que as framboesas não lhe são adversas 
.tomilhos rasgam-se ao arrepio das bocas e 
nas quais se deitam escamas e segredos 
ocasional
mente 
arrumados pelos dedos amarelecidos 
dos cigarros não fumados 
.amanhã quando um outro cais aportar 
à janela maior da casa nascerão girassóis e 
malvas em todos os andares e a porta 
deixará de ser o batente a aconchegar
o vento-doce 
.ao fundo da casa num outro cais 
onde o mar envolve o chão 
a insónia recria o real 
onde tu não és autora 
muito menos legente 
já que te tens língua in.consequente 
em lâmina afiada

.e na casa prenha de fontes e de bálsamos 

fala-se de livros na volubilidade dos momentos 
sublimes

.nela os meninos lambuzam-se com a terra 

.demais






marina podgaevskaya