no silêncio da noite






a meio da noite
apago a luz e vejo como a tua figura incandesce
ao mesmo tempo que o teu nome se estende
nas sílabas móveis de um texto .as letras com
que te inscrevo na minha pele arrastam-se em
frases e rolam como um rio aberto .conquistas-
me na heroicidade com que te despes sem pedir
qualquer re.conhecimento .o teu gesto perde-se
na vulgaridade do que não se sabe e a luz
encarregar-se-á de mostrar que a tua escrita
disciplinada nada tem a ver com essa ciência com
que dissimulas a ignorância
.abres-te e fechas-te
esquecendo que tudo nos é emprestado e que só
cresce enquanto o alimentamos .resguardado pelos
préstimos nocturnos metamorfoseias-te em
árvore estendendo os ramos ao encontro da
palavra que escorre pelo teu tronco sem esquecer
a promessa inadiável e que não se cumpriu
.desfazem-se os mitos no primado de um juízo
precipitado e tu vacilas fraseado no cansaço de
um pundonor conjugado na primeira pessoa






george christakis