josé rodrigues
*
trazes lençóis de vento ao chegar e no corpo
pétalas em vez de braços
*
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descreves círculos de ternura
e quando as tuas mãos desenham
faróis e automóveis que se movimentam
em fogo a noite grava-se em cada sulco e o
teu nome imprime-se nas ondas do
meu a-mar
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desces as esquinas do sono pendurado nos frutos
com que colhes as manhãs e deixas-te
embelezar com o doce vertido das laranjas
*
- são gomos de desejo que se depositam no chão
*
o vento colhe-te sôfrego quando te escondes dentro
dos livros
*
- tu habitas o mundo eu as estrelas
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trazes o orvalho fresco para com
ele barrar fatias de puro êxtase e se me tenho
moça um bando de cisnes sagrados banha-se
no lago do teu sémen
*
é árduo o regresso à realidade quando sob a arcada
saboreias a romã dos meus lábios e coração
aberto cobres-me com a areia
que vais descobrindo nas dunas do meu corpo