sorrio ante o paradoxo das unhas





darren hopes




*
falo de mãos de dedos e nunca de unhas
*
é tempo de eternizá-las .de transformá-las
nas farpas que rasgam os desenhos ou
nas garras que cortam as palavras
*
as unhas
esses orgãos que quando obscenos se
colam à pele e nela se abrem ao amor
rasgam texturas em movimentos alterados
conforme o ritmo ou quedam-se caladas
doces ou amargas brancas ou amarelas
fumadoras ou ínvias enroscadas à mor
talha do cigarro fumado após o cio

*
simulacros finais dos dedos deixam-se
encravar sozinhas ou acompanhas e riem-se
riem-se
perdida
mente
da morte quando desfloradas pelo corte

*
tresloucado da tesoura