talvez amanhã se oiça o grito dos insectos





-carla bendini




*
sob o signo do demo inicia-se
a dança como se a copulação fosse
o arremedo final para o cômputo das
circunferências .rasgam-se as vísceras de
uma ovulação menor em que o falo transgride
o epicentro como se para além de si o gesto áspero
transferisse o canto das Sibilas adormecidas na castidade
dos áugures .recortam-se os símbolos nas margens expostas
onde as palavras se inserem nas metástases dos vermes e tudo não
é mais do que uma superfície de gelo alapada a uma vela acesa deixada
dentro do corpo de um vulgar insecto

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os Seres (in)vertebrados afogam-se sozinhos na voz dos mendigos