da contemporaneidade






lucio ranucci






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levanto-me muito devagar e deixo
as mãos sossegar sobre o ventre
.trago como matriz a onda que
se agiganta numa escrita fechada
entre vogais e consoantes e se o texto
se houver por conselheiro
largo-o aos pés da primeira tempestade
.abro portas .fecho janelas e neste
arrecadar de gestos apercebo-me do
vento que me tem por locatária .e é
neste brevíssimo elo criado entre a
linguagem e a escrita que me dispo de
preconceitos .deixo-me levar pelo
som da primeira nota sentada
na cadeira da textualidade como
reflexo de um esquecimento
precoce .porventura o desgaste
virá depois porque ninguém é
senhor do tempo