o apelo das árvores






don seegmiller






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as nuvens embrulham-nos num sol de fim
como se o dia se acendesse devagar e
as horas das matinas se confundisse
com um mar de esquecimentos pronto
a avassalar o mundo .o controverso torna-
-se a palavra de ordem a fim de submeter
o caos à tardança .os homens apegam-se
ao irrisório numa confusão de estilhaços
abandonados ao longo das cidades
.acendem-se rastilhos de ódio no coração
de deus que se esqueceu de incinerar o
gelo cravado nos oráculos .há quem
apele à película da infância .deixem
viver os infantes apelam as árvores
sobranceiras às trincheiras num silêncio
frio cerzido à lava da ternura .nem as
aves entendem o grito .nem as pedras
escrevem o que lhes parece um rio de morte
gazeado o terreiro em ódios temperados à
flor da pele .de novo o obliquar do medo nos
olhos moribundos que aguardam o despir
das névoas num simples golpe de coragem