ao som das notas conflituantes






don seegmiller






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regresso em jeito de música
vestida no aqui e no agora
de restos de paraíso .trago o
sonho como uma graínha deitada
ao acaso e no refúgio do vento
aporto à ilha que me tem suspensa
dentro do silêncio .demando em
cada nota a brevidade do tempo e
tento perguntar ao maestro que
me aguarda sentado ao sol qual
a ironia da nota mais subtil .os
dedos ardem-me enquanto sentada
ao piano recomeço a sonata que
interrompi ao a manhe’Ser .quedo
-me na vigilância do não dito com
receio de perturbar tudo o que o
vácuo esquece e se a aguarela
des.lembrada ao canto da porta pelo
poeta das horas mortas me quiser
por companheira pisarei com pés
de chuva a raiva que se esconde
na vala comum dos renegados
.sob a arcada há um choro sem
lágrimas que me reporta ao
princípio da viagem certa de que
o meu lugar de lunagem se atém
na ternura sangrante de cultivar
o canto