consuelo arantes
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adormeço sobre a mesa onde as palavras se iniciam .volteiam entre si .coisa estranha! fazem-no por razões alheias a qualquer comando .uma a uma põem-se a escrever para ti que as esgrimes que as olhas de soslaio sem saberes se delas nasces a partir do momento em que nelas pousas os olhos ou inclinas a cabeça .e teces com cada qual uma teia de cumplicidades que se vão cumprindo
-quando escreves? como escreves? para quem escreves se eu palavra não te abri a porta nem te premeditei como sílaba?
adormeces sobre a mesa onde as palavras rolam porque estás condenado a morrer nesta página
-inventa-me meu amor .inventa-me nessa dor-física que sabe a alegria .inventa-me para que me possas ter no lado visível das coisas .as que se lêem
-inventa-me meu amor .inventa-me tu .o autor .o apagador .o escritor .o irreverente-inventor-do-logro
-por favor RE.inventa-me
e persegue-me em páginas e páginas sem medo de nos perdermos