sonho devagar com a bastardia






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é no baldio da noite que me tenho mais segura 

.que deixo os ratos mastigarem os restos e 
que os convido ao festim do cinismo 
.acolho-os como companheiros 
a fim de escorregar pelos sons dos predadores
.é no rescaldo dos passos que abro os portões a Amadeu e

convoco-o à dança desvairada das bruxas 

para no momento seguinte 
resumir num allegro cantabile
a desfaçatez de quem se tem por prima-dona 
.reservo-lhe a matilha como sobremesa e
 bato palmas à cegueira desse ser em vão

.no rescaldo das perguntas ergo taças de champanhe

.a bastardia é assumida como pasto 
.instrumento de corte 
.e na metade de mim que guardo ao amor 
tardo-me na espera dum outro acordar 
.talvez mais vero

.é no frio da minha pele 

que se acolhe o de.gelo das memórias






anny maddock