olhar de a-mar






anny maddock






.
.

mergulha na água em busca do re.tempero que o espreita na cachoeira .jovem havia conhecido a servência .da água que desce e se multiplica nas gotas que constituem o lago

é na margem que ela mergulha .sente a água percorrer-lhe o corpo abraçá-lo .acha-se única naquele contacto .arrepia-se e lembra o primeiro orgasmo
ele desce a ravina e mergulha na água .escrevera no tronco o nome deles e no momento antes do salto decorre a cerimónia protocolar da leitura .entra nela

a água acolhe-o ao bater na fraga .a mesma água que a en.costa deixa aberta ao caminho .não sabe que futuro existe para aquele banho de lagoa em cachoeira de água doce .levado pelo barulho o mundo deixa de existir em derredor .só ele e a água .o absurdo da existência partilhada a dois

ela mergulha de novo e basta-lhe sentir a cara molhada para esconder um sorriso .é um segredo muito seu .não .partilhado com a água .sempre a água

presente desde menino no útero materno .sabe-se infante ao encontro do Ser-perfeito .entra e sai .mergulha e sobe à tona para voltar a mergulhar .o absurdo da existência no contacto com a água .Amante

ela o receptáculo .ele o falo

ou o jogo em que a água é o pronome pessoal .um verbo a conjugar .in principio erat verbo .há um brilho muito especial no olhar de a-mar