o cheiro das magnólias






.
.
.


rasgo aos bocados esta manta de retalhos 

a que chamo casa 
.devoro a poeira e acima do grito álacre da estirpe 
deixo-me olhar de perto o obituário como simbolismo 
das aparentes etiquetas 
.tenho-as em total desprezo porque ninguém 
desventra uma prenhez in.fecunda 
.mais sentido é o luto de um escravo de lembranças 
expurgadas pelo cheiro das magnólias 
ainda a saber a tinta nova 
.um luto que não morde a in.solvência 
.antes extingue o baixo-relevo 
uma escultura ou um pêndulo que guardo 
em des.agrado 
.a minha casa é diferente de todas as casas 
.não tem portas 
.não tem janelas 
.não tem paredes 
.é um texto que transporto em construção 
.em re.visitação de espaços 
.grávida de um tempo 
a minha casa é o bem-querer que escorrega 
pela algibeira da infância 
.na minha casa as crianças adejam o amorável






marina podgaevskaya