no rescaldo dos gestos vãos






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requeiro o silêncio como uma caixa redonda 

onde me instalo 
.a forma é redonda para que nela possa repousar 
todos os espaços reservados à poesia 
.se for quadrada tê-la-ei como a violação do húmus 
.triangular como o absurdo imediato 
onde o ruído faz quarentena

já que nas linhas o caos tenta abocanhar o servilismo 

de um pensamento arquitectado no inferno  
.há um conflito de lugar e tempo na minha cabeça 
.na engrenagem silenciosa do pensar 
descortino um rasgo de chama
.no ruído que o demora afogo a morrinha do im.possível
.recorro à caixa redonda para nela quietar 
a inevitabilidade de um gesto 
.tortuoso 
.incendiário 
.louco e pasmo 
.que se recusa no desarrumo do meu cérebro

.o silêncio e o ruído conflituam as pégadas 

assumidas entre a fuligem e a chamas
.rescaldos de um incêndio-interior

.hoje há ruídos a mais 

.há vontades a menos 
.amanhã o regresso 






angel cestac