o que escondo na algibeira






inscrevo-te no desvario da palavra sem
saber se te colho em cravo rosa ou margarida
como se cada flor ocultasse o despudor de
imaginar-te coberto de escamas
.a contra gosto atravesso a janela do quarto e
tento agarrar a imagem desfocada que de
mim se afasta
.pinto-te ou bordo-te no mais fino pano que a
tecedeira concebeu mas tudo fica aquém
deste sentimento que oculto na algibeira do
meu casaco cerzido a prata .não ouso o ouro
em tempo de crise
mas se acaso me detiver no sonho de bem
querer
imaginar-te-ei como o apeadeiro onde o meu
corpo repousa
.sem querer persistir na aleivosia submersa
pelos deuses que me conjuram
subjugo a palavra que me persegue na frase
talhada a fogo e
filha da terra teimo o mar para qual Dafne
construir quimeras com um copo azul na
mão esquerda e as escamas do teu corpo
cobrindo os meus cabelos de água-mar
.então e
só então
me apercebo que é necessário terminar o
poema






george christakis