criança de estômago de fome
de coração vazio
de olhos sem rumo
-moscas que teimam morar em sua boca
velho de mãos grossas
de pele curtida
de olhos cansados
-suor de terra rasgada
mancebo de corpo de Apolo
de vida por viver
de olhos de força
-sensualidade que desconhece
um estoiro seco
um deslizar rápido ,muito rápido
e da boca do menino corre um fio de sangue
um troar longe ,um silvo
um deslizar com rasto
e na confusão resta o corpo do velho estropiado
na exuberância da cor
o cheiro acre da química
e o grito como rasgos do mancebo morto
esquecimento para o menino que não foi homem
para o homem que não foi menino
para o mancebo que nunca foi herói
corpos sem nome e sem rosto
que te visarão
a ti que encontras no teu estatuto cultural
a desculpa na ignorância histórico/política
.a ti que encontras no teu estatuto social
ou em qualquer nacionalismo
a razão da distinção de nascimento
.a ti que encontras no livro sagrado
a palavra que deus não disse e
até a ti que
em cadeira de genuíno couro
em mesa de fino ébano
em sala climatizada
em enésimo andar personalizado e
directo
contarás as sete moedas
canto para além do amor
canto para além da dor
este DEVER
DIZER
que o acordar
cheira a flores de campo
a terra chuvida
a transparências de azul
a calor de sol
.que o erguer tem força de viver
que o viver
tem chama de saber estar e
o saber estar
tem a serenidade dos dias e
a serenidade dos dias ou
o adormecer das horas
tem a chama de um outro amanhã
a justificar o EXISTIR
christian martin weiss