darren hopes
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tenta o cérebro re.assumir o comando
enquanto os membros -
uns mais obedientes outros menos
- aguardam ordens
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os braços estendem-se para cima e para
baixo enquanto as mãos abrem os dedos e
com eles estabelecem um mudo diálogo
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as pernas distendem-se e flectem para
delírio dos pés que desorientados
esperam
a ordem emanada de cima
*
*
cansado de tão longa falta de atenção o pé
esquerdo torna-se senhor da situação e
começa a oscilar
em círculos concêntricos
*
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do sótão emana a voz de comando – pára!
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in.diferente à norma o pé continua o volteio
in.dependente
mente
da advertência do pé direito
- obedece imbecil .olha as consequências do
teu acto de rebeldia
*
*
o en.rolamento prossegue e a perna começa
a en.roscar-se sobre si mesma numa paranóia
quase delirante
*
o cérebro volta a interferir e
obriga -
fechados os circuitos de comunicação
- a que o pé esquerdo se baste voltado ao
contrário
*
interfere ( de novo ) o pé
direito – e agora?
problema teu – idiota– responde-lhe
o esquerdo
*
fora de um comando que
desconhece as regras fui e sou um transgressor
senhor de momentos de pura felicidade
e tu pobre diabo que ganhaste com a tua cega
obediência? nada! se quiseres recuperar a
tua dignidade segue-me .juntos faremos da
in.submissão o grito de liberdade
caso contrário condenas-te e ao corpo que
sustentas ao imobilismo patético
que um comando desabrigado obriga
.tens dois segundos para responder
*
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face à im.possibilidade de um compromisso
apesar da iminência do perigo
os dois oponentes recorrem in extremis
ao Serviço Nacional de Saúde como pretenso
mediador
*
ainda hoje aguardam despacho do Ministro
da Saúde