Arade – um corpo aberto à Poesia





-kamil vojnar




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a minha cidade tem um rio
onde as tardes namoram o cais

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o rio da minha cidade
canta o levante em versos de Al-Mutamid e
o crescente esmorece em crepúsculo
enfeitiçado por Ibn Ammar
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[ há ecos de lirismo febril no
                                          rio da minha cidade ]
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o rio da minha cidade matiza desejos
quando as donzelas enfeitadas
com subtis adornos dançam ao som dos
alaúdes e os seus corpos descansam
no prazer de um olhar fugidio
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[ o rio da minha cidade rememora Allah e
                                        Al-Xaradjib ]
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nas margens do rio da minha cidade
os Amantes bebem o néctar da bravura
mas gráceis e sedutores colhem em
versos os frutos ambivalentes do amor

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[ o rio da minha cidade ainda hoje

                                       é um eco aberto à Poesia]